Após queda histórica do PIB, governo fala que economia demonstra recuperação em ‘V’

Mesmo com maior tombo na atividade econômica em 24 anos, ministério repete mantra de Paulo Guedes ao analisar índice de 2020

Foto: Alan Guedes / PR

Mesmo com o maior tombo da atividade econômica da história do país desde 1996, a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia (SPE/ME) afirmou em nota técnica que o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro para 2020, divulgado nesta quarta-feira pelo IBGE, demonstra recuperação da economia na forma de “V”. A expressão é comumente usada pelo ministro Paulo Guedes ao se referir à retomada da atividade econômica a partir do segundo semestre do ano passado.

Impactada pela pandemia do novo coronavírus, a soma de todos bens e serviços produzidos pelo Brasil desabou 4,1% em 2020, mesmo após registrar uma forte retomada no segundo semestre. Trata-se do primeiro encolhimento anual da economia brasileira desde a recessão encerrada em 2016 e o maior tombo da série histórica, iniciada em 1996.

Conforme avaliação da SPE, medidas do governo evitaram uma queda bem maior. “O conjunto de ações de estímulo à economia durante a pandemia evitou que o PIB tivesse uma queda superior a 9%, conforme apontavam as previsões mais pessimistas.”

Entre as medidas implantadas em 2020, que na avaliação da SPE evitaram um derrocada ainda maior na atividade econômica brasileira, o avanço na agenda de fortalecimento de marcos legais, com a aprovação de novas legislações referentes a saneamento básico, licitações e falências.

A SPE enfatiza ainda que a retomada no segundo semestre se mostrou “vigorosa”, aumentando o nível da atividade econômica. No entanto, alerta que, para consolidar esse espaço de crescimento, é necessária a aprovação das reformas estruturais e medidas que viabilizem a consolidação fiscal.

Entre as reformas que o governo luta para aprovar no Congresso, destaque para a tributária e a administrativa. Mas antes delas, a equipe econômica precisa que o Senado aprove, nesta quarta-feira, a PEC Emergencial, que viabiliza a criação do novo auxílio emergencial. O novo benefício, consenso entre oposição e governo, deve atender cerca de atingir 40 milhões de brasileiros, incluindo os do Bolsa Família, com valor de R$ 250.

Para reforçar a tese de que a atividade econômica está em recuperação, o Ministério da Economia se apoia, principalmente, no resultado do PIB referente ao quarto trimestre de 2020, que apontou crescimento de 3,2% na comparação com o trimestre imediatamente anterior, com ajuste sazonal. O resultado representou o segundo aumento consecutivo.