Leite e outros 15 governadores apontam distorção de dados em publicação de Bolsonaro

Em carta, grupo classificou como "ataque" publicação referente a repasses federais

Governador Eduardo Leite. Foto: Felipe Dalla Valle/Palácio Piratini

Um grupo de 16 governadores – incluindo o do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) – divulgou, nesta segunda-feira (1), uma resposta às acusações feitas por Jair Bolsonaro (sem partido) nas redes sociais. Nesse domingo, o presidente da República utilizou sua conta oficial no Twitter para listar todo o dinheiro repassado pela União às unidades federativas em 2020.

A postagem, que simplifica dados obtidos no Portal da Transparência, Localiza SUS e Senado Federal, foi interpretada como um ataque aos administradores locais em razão das medidas restritivas adotadas para frear o avanço da Covid-19. Para os governadores, o Governo Federal utiliza “instrumentos de comunicação oficial, custeados por dinheiro público, a fim de produzir informações distorcidas”.

Ainda de acordo com a carta divulgada pelos gestores estaduais, Bolsonaro citou números referentes a repasses obrigatórios, previstos na Constituição, induzindo a população a acreditar que não investiram tudo o que podiam na saúde. “Situação absurda similar seria se cada governador publicasse valores de ICMS e IPVA, tratando-os como uma aplicação de recursos nos Municípios a critério de decisão individual”, rebate o comunicado.

Além de Leite, assinam o documento: Renan Filho (MDB/AL); Waldez Góes (PDT/AP); Camilo Santana (PT/CE); Renato Casagrande (PSB/ES); Ronaldo Caiado (DEM/GO); Flávio Dino (PCdoB/MA); Helder Barbalho (MDB/PA); João Azêvedo (Cidadania/PB); Ratinho Jr. (PSD/PR); Paulo Câmara (PSB/PE); Wellington Dias (PT/PI); Cláudio Castro (PSC/RJ); Fátima Bezerra (PT/RN); João Doria (PSDB/SP) e Belivaldo Chagas (PSD/SE).

Leite critica “promoção do conflito entre governantes”

Antes mesmo da divulgação da carta, Eduardo Leite já havia se posicionado sobre o assunto nas redes sociais. Na publicação, o governador questionou o cálculo apresentado por Bolsonaro em relação aos repasses feitos ao Rio Grande do Sul. “Se a lógica é essa, como o Estado mandou R$ 70 bilhões em impostos federais, cadê os outros R$ 30 bilhões que enviamos?”, declarou.


Leite finalizou afirmando que o comportamento do presidente da República interfere no progresso do país. “A linha da má informação e da promoção do conflito entre os governantes em nada combaterá a pandemia”, disse. Após a crítica, Bolsonaro chegou a fazer novas publicações nas redes sociais, mas não rebateu as acusações feitas pelos governadores.

Confira a íntegra da carta dos governadores