O presidente do Banco do Brasil, André Brandão, avisou o presidente Jair Bolsonaro que colocou o cargo à disposição, o que deflagrou uma corrida política pela vaga. Brandão deu “carta branca” para a escolha do substituto, já que não houve entendimento entre ele e Bolsonaro desde quando o presidente criticou o plano de enxugamento de agências e corte de pessoal do banco. Nos bastidores, a “fritura” de Brandão continuou mesmo após Bolsonaro ter sido convencido pela equipe econômica a mantê-lo. As informações foram apuradas pelo jornal O Estado de S.Paulo.
Oficialmente, o banco afirmou a investidores que não houve pedido de renúncia de Brandão. Embora a saída não seja confirmada e não tenha ainda data para ocorrer, a disputa pelo posto movimenta alguns dos principais grupos políticos da Esplanada.
Integrantes da ala militar querem ver no cargo o atual secretário executivo do Ministério da Cidadania, Antônio Barreto Junior, que pode deixar o posto com a posse do novo ministro João Roma. Ele é funcionário de carreira do Banco do Brasil e também ocupou a secretaria executiva da Casa Civil.
Na equipe econômica, a movimentação é em torno de deslocar o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, para o BB. Além de ter passado pela presidência do BNDES substituindo Joaquim Levy ainda no primeiro ano de governo, Montezano também é amigo do ministro Paulo Guedes e dos filhos do presidente Jair Bolsonaro.
Dentro do banco, o nome do vice-presidente de agronegócio e governo, João Rabelo Júnior, é bem visto internamente e conta com a simpatia de integrantes da bancada do agronegócio. Outro nome que está no radar é o do presidente do Banco de Brasília, Paulo Henrique Costa, apoiado pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, e bancadas do chamado Centrão.
Desde a semana passada, quando o presidente Jair Bolsonaro demitiu o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, e ameaçou com novas mudanças do tipo “tubarão e não bagrinho”, os olhos se voltaram para André Brandão. O presidente do BB já tinha sido demitido extraoficialmente por Bolsonaro, que depois recuou da decisão. No rastro da Petrobras, os aliados políticos do presidente aumentaram a pressão.
Segundo apurou o Estadão, uma nova movimentação em torno da saída de Brandão começou nesta sexta-feira, logo no início da manhã, depois que começaram a circular informações de que ele sinalizou a intenção de deixar o cargo ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. O presidente do BC é amigo de Brandão e padrinho da indicação do nome dele à presidência do BB.
Assessores de André Brandão no BB dizem que a gestão dele no banco ficou fragilizada desde o episódio com o presidente Bolsonaro por conta da política de fechamento das agências, que recebeu críticas de políticos apoiadores do governo.
Mercado reage
Nesta sexta, as ações do Banco do Brasil fecharam em queda de 4,92% na Bolsa brasileira depois das notícias sobre a saída de Brandão.