O Comitê Científico de Apoio ao Enfrentamento à pandemia de Covid-19 do governo do Estado emitiu, no final da noite de quarta-feira, uma recomendação para todo o território gaúcho. O documento foi formulado após uma reunião do grupo sobre o momento atual da pandemia, frente ao agravamento da situação epidemiológica, e insiste pela adoção dos protocolos de bandeira preta, enquanto grande parte dos municípios opta pela cogestão em vermelha.
“O manejo efetivo de contenção da circulação do vírus na comunidade necessita o engajamento de toda a sociedade”, reforça a nota. O Comitê reiterou a recomendação de medidas como suspensão imediata da cogestão e a realização de uma campanha de comunicação massiva sobre a gravidade da situação, envolvendo gestores, sociedade civil organizada, sistema público e privado de saúde e toda a população.
Além disso, o grupo ainda destacou a importância de enfatizar que a via de transmissão respiratória (gotículas e aerossóis) é a mais importante e que, portanto, são fundamentais: o uso de máscaras bem ajustadas, a ventilação de ambientes e a manutenção do distanciamento físico entre pessoas.
Ainda com relação às adaptações aos protocolos da bandeira preta, o Comitê sugere que poderão ser consideradas adaptações específicas para incorporar novas evidências, de modo a permitir um equilíbrio entre as necessidades de cada setor e a redução da circulação de pessoas. Uma sugestão é que cada setor possa avaliar, dentro da bandeira preta, como poderia aumentar sua segurança de funcionamento.
“Observamos um nível de ocupação de leitos de UTI e uma aceleração de internações clínicas em velocidade sem precedente no nosso meio. Em 23 de fevereiro estavam internados 2.260 pacientes em leitos clínicos e 1.218 em leitos de UTI. É o maior valor de toda a série e vai continuar crescendo, já é possível sentir o efeito das aglomerações do carnaval”, informou o Comitê.
Ainda segundo o documento, a expectativa é de mais de 150 internações em leitos clínicos e mais de 50 em leitos de UTI por dia. “Os dados disponíveis mostram que um em cada três pacientes internados na UTI por COVID-19 vão morrer em função da evolução da doença”, declarou o grupo.
A recomendação do Comitê ainda ressalta é fundamental que a sociedade compreenda o momento que estamos vivendo. “A situação que já é crítica, pode se agravar muito rapidamente, com explosão de casos e de mortalidade e de esgotamento do sistema de saúde. Agora é hora de união de esforços pelo bem comum”.