O Ministério da Saúde recuou, nesta quarta-feira, e voltou a orientar que metade do novo lote da Coronavac seja reservado para garantir a aplicação da segunda dose da vacina contra a Covid-19. No último dia 19, o general Eduardo Pazuello disse a prefeitos que não era mais necessário reter vacinas, já que o fluxo de entrega de novos lotes permitia repor estoques a tempo de completar a imunização.
O intervalo recomendado para a aplicação das doses da vacina feita pela farmacêutica chinesa Sinovac e distribuída no Brasil pelo Instituto Butantan é de 21 dias. Prefeitos e governadores vinham cobrando do Ministério da Saúde oficializar a orientação de Pazuello, em uma nota técnica, mas a pasta manteve as recomendações anteriores.
Segundo apurou o Estadão, a área técnica, pega de surpresa, não quis validar a nova regra, já que há risco de que novas vacinas não cheguem a tempo da aplicação da segunda dose. “Tendo em vista o intervalo entre a D1 e D2 (2 a 4 semanas), e considerando que ainda não há um fluxo de produção regular da vacina, orienta-se que a D2 seja reservada para garantir que o esquema vacinal seja completado dentro desse período, evitando prejuízo nas ações de vacinação”, cita o informe técnico da pasta.
A recomendação da Saúde se aplica a 1,2 milhão de doses da Coronavac que serão distribuídas entre o fim deste mês e começo de março. Também serão entregues 2 milhões de unidades da vacina de Oxford/AstraZeneca, importadas da Índia, mas não há necessidade de reter metade dessas doses. Isso porque o intervalo de aplicação desta vacina é mais longo, de até 3 meses.
Em nota, o Ministério da Saúde disse que a chegada de novos imunizantes vai permitir a vacinação de novos grupos prioritários: “Serão priorizadas pessoas de 85 a 89 anos, pessoas de 80 a 84 anos, 3.837 indígenas e 8% dos trabalhadores da saúde”.
No comunicado, a pasta volta a afirmar que 50% da população deve ser vacinada até julho. O cronograma de Pazuello, porém, prevê a aplicação de vacinas ainda em negociação com o governo e que devem dados de segurança e eficácia à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), como a Covaxin e a Sputnik V.