Após a divulgação do decreto estadual que suspende as atividades em geral, das 22h às 5h, em todo o Rio Grande do Sul, por conta do avanço da contaminação do novo coronavírus, o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, se pronunciou neste sábado. Favorável à medida, ele deixou claro, no entanto, que no que se refere às bandeiras de risco da Covid (modelo de distanciamento controlado), vai defender a manutenção do Plano de Cogestão Regional.
Nessa sexta, Melo já havia dito que não pretende recorrer da bandeira preta. Isso porque a cogestão permite que a cidade aplique as regras da bandeira vermelha, mais brandas, evitando, por exemplo, o fechamento do comércio não essencial. Embora a cogestão não valha para a área de ensino (regiões com bandeira preta devem manter as escolas fechadas), o prefeito busca evitar mais perdas para o setor produtivo.
Com as declarações, Melo se antecipa à reunião em que, na manhã de segunda-feira, o governador Eduardo Leite se reúne com a Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) a fim de discutir se mantém ou suspende a cogestão em um momento de crescimento expressivo das internações hospitalares. Na segunda hipótese, quase 70% da população gaúcha, em 11 regiões Covid, fica sujeita às regras da bandeira preta a partir de terça-feira.
Contrário ao fim da cogestão, Melo revela ter feito contato com os setores empresarial e da saúde, autoridades estaduais e prefeitos da região Metropolitana. “Nós entendemos que não foi a abertura responsável dos negócios nas cidades a causadora dos aumentos das internações nas UTIs. A nossa posição é de não fechar a Capital, mas combater as irresponsabilidades das festas clandestinas, dos bares que permitem aglomerações, as praias que precisam ser mais cuidadas. Não podem os comerciantes, que pagam impostos, que dão emprego, que trabalham com distanciamento e máscara serem responsáveis por esta conta. Por isso a nossa conversa com o governador será no sentido de manter a cidade aberta, mas combatendo essas irresponsabilidades, porque saúde e economia devem andar de mãos dadas”, disse o prefeito, em pronunciamento.
O decreto estadual, já publicado, prevê que fiquem suspensas as normas municipais que conflitem com as determinações do documento. Ou seja, a suspensão geral de atividades vale para todo o Estado, inclusive em regiões em bandeira vermelha e áreas que aderiram ao sistema de cogestão regional. A medida vale, pelo menos, até a madrugada de 2 de março.
A fala de Melo coincide com a manifestações do Sindilojas e da Câmara dos Dirigentes Lojistas, que também temem o fechamento total das atividades.