As internações por conta do novo coronavírus voltaram a apresentar elevação em Porto Alegre, que na manhã desta segunda-feira registra 325 internados em decorrência da doença. Com 292 pacientes com diagnóstico confirmado para a Covid-19 e outros 33 casos suspeitos de contrair em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), a Capital apresentava o maior número de internações desde 4 de janeiro, quando as UTIs tinham 337 leitos com pacientes Covid-19, de acordo com painel Transparência da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
Na sexta-feira, as internações por Covid-19 somavam 320. Ao todo, considerando internações por outras enfermidades, 715 leitos de UTIs estão ocupados, equivalente a taxa de ocupação geral de 90,11%. Moinhos de Vento e Mãe de Deus operam com capacidade máxima. Outros hospitais, como Nossa Senhora da Conceição, Santa Casa de Misericórdia, São Lucas da PUC, Cristo Redentor, Vila Nova e Hospital da Restinga apresentam taxa de ocupação superior a 89%.
No Rio Grande do Sul, 2.039 pacientes estavam internados em estado grave, dos quais 1.012 (49,6%) por conta do novo coronavírus. A ocupação geral dos leitos de UTI apresentava 76,3% de lotação.
Professor de Infectologia da Faculdade de Medicina da Ufrgs, Alexandre Zavascki alerta para o aumento da ocupação de leitos clínicos em todo Estado, o que indica “que é questão de tempo para aumento nas UTIs”. Além de destacar a rápida ascensão de casos envolvendo a doença, o especialista chama atenção para a nova variante do vírus, a P1, que foi detectada em paciente no RS. “Esta variante, que foi detectada causou a nova onda da epidemia na região Norte, tem componente de maior transmissibilidade e é semelhante à detectada na Inglaterra”, avalia, acrescentando que tudo indica para uma transmissão comunitária da nova cepa.
Zavascki ressalta que a mutação do vírus deve ser alvo de atenção das autoridades de saúde. “Existe uma variante do vírus da África do Sul que estaria associada a menor resposta do sistema imunológico. E isso traz preocupação para a questão das vacinas”, alerta. Na avaliação do infectologista, as variantes do vírus geram preocupação. “Detectar isso deveria ser motivo de alerta e ação das autoridades do mundo inteiro”, justifica.
Ele critica as aglomerações registradas no fim de semana no litoral gaúcho. “É inaceitável isso, numa situação que estamos vivendo. As autoridades têm que desfazer esse tipo de evento, porque isso é um gatilho para disseminar mais rapidamente o vírus. Estamos numa situação muito delicada, prestes a voltar às aulas”, alega.