Tentativas de feminicídios crescem em janeiro no Rio Grande do Sul

Outros indicadores criminais, monitorados pela Secretaria da Segurança Pública, tiveram reduções

Foto: Rodrigo Ziebell / SSP

Os indicadores da criminalidade de janeiro, divulgados nesta quinta-feira (11) pela Secretaria da Segurança Pública (SSP), mostram que ainda há obstáculos a superar para ampliar o engajamento e a conscientização da sociedade. Não houve variação no número de mulheres assassinadas por motivo de gênero – foram 10 vítimas, mesmo total de igual mês do ano anterior. E o número de tentativas de feminicídios subiu de 23 para 31. A maioria dos outros indicadores monitorados pela SSP apresentaram reduções.

O total de ameaças teve a maior retração, de 18,9%, com cerca de 700 ocorrências a menos. O número de registros do tipo passou de 3.788 em janeiro de 2020 para 3.072 no primeiro mês deste ano. Na mesma comparação, as lesões corporais caíram de 2.226 casos para 1.875 (-15,8%). Entre os estupros, a queda foi de 193 para 163 (-15,5%).

As autoridades de Segurança reforçam ainda a importância de toda a sociedade denunciar casos de abusos e agressão. Em emergências, o canal é o 190 da Brigada Militar. Para auxiliar na investigação, a Polícia Civil disponibiliza o WhatsApp (51) 9.8444.0606. Também o possível ligar para o Disque-Denúncia 181 ou realizar a comunicação no Denúncia Digital 181, no site da SSP. Em todos os casos, o anonimato é garantido.

Homicídios

Depois de consolidar, entre 2019 e 2020, a menor taxa de homicídios para cada 100 mil habitantes da década, o Estado encerrou o primeiro mês de 2021 com nova retração. Os dados mostram que o número de vítimas de assassinatos caiu 11,4% em janeiro, na comparação com o mesmo mês do ano passado, de 158 para 140. É o menor total para o mês desde 2007, quando houve 138 homicídios. Na comparação com o pico da série histórica, com 348 homicídios em 2017, o dado deste ano representa redução acima da metade – 59,8%.

A estratégia de foco territorial determinado pelo RS Seguro se mantém como fator fundamental para puxar a queda no total de homicídios no Estado. Entre 10 maiores reduções verificadas em janeiro, nove ocorreram em municípios que integram o grupo de 23 cidades priorizadas pelo programa. Para o vice-governador e secretário da Segurança Pública, delegado Ranolfo Vieira Júnior a queda nos indicadores criminais é reflexo da prioridade de investimentos que a segurança pública vem recebendo.

“Com base nas três premissas do RS Seguro – integração, inteligência e investimento qualificado –, reequipamos as polícias com mais de 1,4 mil novas armas, 14 mil coletes e 740 veículos nos últimos dois anos. Entregamos recentemente cerca de 100 viaturas semiblindadas, as primeiras da história do RS compradas pelo Estado para uso na rotina de policiamento, o que será padrão a partir de agora”, afirma.

Os municípios de Esteio, Sapucaia do Sul e Lajeado fecharam os 31 primeiros dias de 2021 com zero homicídios. Em Porto Alegre, que já havia chegado ao menor total de vítimas de assassinato desde 2010, o resultado de janeiro também comprova as reduções. Foram 22 mortes frente às 25 registradas no mesmo mês do ano passado, o que representa retração de 12%. Na comparação com o pico da série histórica, quando a Capital vivenciou o pior cenário de violência da década, com 105 homicídios, o dado atual significa queda de 79% e 83 mortes a menos.

Assim como os homicídios, os latrocínios – roubos com morte – no Estado também mantiveram em janeiro a tendência de redução verificada nos últimos dois anos. O número de latrocínios caiu de cinco no primeiro mês de 2020 para quatro no mês passado, o que representa retração de 20% e o menor total desde 2008, quando houve três casos. Comparados com o pico da série histórica, em 2017, quando o Estado teve 25 ocorrências de roubo com morte em janeiro, os quatro casos neste ano equivalem a uma redução de 84%. Na Capital, que em janeiro de 2020 havia zerado o indicador de latrocínio, houve um caso no primeiro mês deste ano. Em relação ao pico da série histórica, com seis roubos com mortes na Capital em janeiro de 2013, o dado de 2021 equivale à queda de 83,3%.

Roubos de veículos e ataques a bancos

O primeiro mês de 2021 teve 358 menos roubos de veículos no Estado na comparação com o mesmo mês do ano anterior. O número de casos baixou de 902 em janeiro de 2020 para 544 neste ano – uma retração de 39,7% e o menor total para o mês em toda a série de contabilização, iniciada em 2002. O histórico de janeiro nos últimos anos evidencia a importância do resultado obtido neste início de 2021. No pico de casos, em 2017, foram 1.756 motoristas que tiveram seus automóveis levados por assaltantes, três vezes mais do que o total verificado no mês passado. A Capital foi responsável por mais da metade da redução de roubos de veículos verificada em todo o Estado. O total de casos em Porto Alegre em janeiro caiu de 364, no ano passado, para 194 neste ano, o que representa retração de 46,7%.

Entre os ataques a banco, o primeiro mês de 2021 representou cenário semelhante ao do mesmo período no ano anterior. Na soma de furtos e roubos a estabelecimentos financeiros no Estado, houve três ocorrências no mês em 2020 e quatro neste ano.

Ainda entre os delitos patrimoniais, o roubo a transporte coletivo registrou 13 casos a mais em janeiro de 2021, com 119 ocorrências, na comparação com o primeiro mês de 2020, que teve 106 (12,3%). Ainda assim, o dado se mantém abaixo de todos os demais anos da série histórica, iniciada em 2012.