O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, preferiu não polemizar o fato de ter sido excluído da reunião ministerial convocada pelo presidente Jair Bolsonaro nesta terça-feira. O encontro, que conta com a presença de 22 dos 23 ministros, não entrou na agenda oficial do presidente, nessa manhã. “Não, não fui convidado, não fui chamado. Então acredito que o presidente julgou que era desnecessária a minha presença. Só isso”, afirmou Mourão a jornalistas em Brasília. Questionado se a situação o deixou desconfortável, Mourão negou. “Não, não estou incomodado, não.”
Bolsonaro vem trabalhando em temas fundamentais para o governo, como o auxílio emergencial, e priorizando a busca de opções para viabilizar uma nova rodada do benefício. Também está na pauta uma solução para o preço dos combustíveis, reivindicação direta dos caminhoneiros, que ameaçaram com o reinício dos protestos, neste mês.
Os atritos entre o presidente e o vice se intensificaram no fim do mês passado, quando Mourão abordou publicamente o desempenho do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. Bolsonaro se irritou, negou a intenção de demiti-lo e se referiu ao general da reserva como “palpiteiro”.
Mas o episódio que azedou de vez a já tumultuada relação entre dois ocorreu após o site O Antagonista ter publicado que o chefe da assessoria parlamentar de Mourão enviou mensagens ao gabinete de um deputado federal falando sobre as articulações em curso no Congresso para um eventual impeachment de Bolsonaro.
O vice, assim que teve conhecimento da notícia, afirmou que o assessor agiu por conta própria e o exonerou, em seguida.
Para colocar panos quentes na situação, Mourão lançou um agrado ao chefe do Executivo ao escrever, nas redes sociais, em 1º de fevereiro, que não há motivos para a aceitação do impeachment do presidente.