A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) anunciou, nesta sexta-feira, que pretende liberar para aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no dia 18, o primeiro lote da vacina desenvolvida pela farmacêutica Astrazeneca em parceria com a Universidade de Oxford a ser produzida pela Fiocruz, no Rio de Janeiro. A fundação firmou acordo com a Astrazeneca para ser a fabricante do imunizante no Brasil.
O produto é semelhante ao que já começou a ser aplicado na população em janeiro pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A diferença é que as 2 milhões de doses já disponibilizadas, após aprovação da Anvisa, foram importadas prontas, da Índia.
A fabricação no Brasil deve começar nos próximas dias, segundo Mauricio Zuma, diretor de Bio-Manguinhos, fábrica da Fiocruz. Após atrasos, a matéria-prima conhecida como IFA (Insuno Farmacêutico Ativo) deve chegar da China neste sábado. Na próxima semana, ocorrem processos como o descongelamento do material, envase e rotulagem. Os primeiros lotes para validação devem estar prontos na semana seguinte.
Essa ainda não vai ser uma vacina 100% nacional, já que a matéria-prima é importada. Nesse sentido, a Fiocruz trabalha também para começar a produção do IFA, em abril. A transferência de tecnologia da Astrazeneca já está em andamento. Como a produção inicial é voltada à aprovação e certificação, a expectativa é utilizar em agosto no SUS a vacina da Astrazeneca feita inteiramente no Brasil.
Paralelamente, o Instituto Butantan já iniciou a produção da Coronavac com IFA importado da China. A Anvisa já liberou a aplicação de 4,8 milhões de doses produzidas no Brasil, além das doses importadas e fabricadas pela farmacêutica chinesa Sinovac.
Remessa menor
A matéria-prima esperada pela Fiocruz para este sábado deve vir em quantidade menor que o esperado inicialmente. O acordo é para o envio de IFA, em fevereiro, suficiente para a produção de 15 milhões de doses de vacina. Segundo a Fiocruz, no entanto, houve uma mudança na programação, e a entrega vai ser feita em três lotes. O primeiro deles em quantidade de matéria-prima para 2,8 milhões de doses, menos do que a capacidade esperada, de 7,5 milhões.
Zuma garante que isso não afeta o cronograma da fundação, já que até o fim de fevereiro chega a quantidade prevista inicialmente no acordo.
Novo complexo
Também nesta sexta, a Fiocruz lançou o edital para a construção do Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde (Cibs), que deve ser a maior fábrica de vacinas e biofármacos da América Latina, segundo a fundação.