Lewandowski levanta sigilo de conversas atribuídas a Moro

Medida derruba decisão imposta pelo próprio ministro no mês passado

Na petição, a federação pediu que Lewandowski anulasse um pedido de destaque | Foto: Nelson Jr/STF

O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu nesta segunda-feira levantar o sigilo da ação em que garantiu à defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva acesso à íntegra do material apreendido na Operação Spoofing. A investigação que mirou grupo de hackers que invadiu celulares de autoridades, atingindo o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro e procuradores da força-tarefa da Lava Jato. O sigilo havia sido imposto pelo próprio Lewandowski no mês passado. As informações foram divulgadas pelo jornal O Estado de S.Paulo.

O objetivo do petista é fazer um pente-fino nas mensagens para tentar reforçar as acusações de que o ex-juiz federal da Lava Jato o tinha como “inimigo” ao condená-lo a nove anos e meio de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

No mês passado, Lewandowski já havia mandado a 10ª Vara Federal Criminal do DF compartilhar com a defesa de Lula, em um prazo de até dez dias, as mensagens que “lhe digam respeito, direta ou indiretamente”, bem assim as que tenham relação com investigações e ações penais contra ele movidas na Justiça Federal de Curitiba ou “qualquer outra jurisdição”.

Novato no STF, o ministro Nunes Marques, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro, deve selar o destino do ex-presidente Lula no habeas corpus que discute se Moro agiu com parcialidade ao condenar o petista no processo do triplex do Guarujá.

Mensagens

De acordo com o Estadão, em uma das mensagens que vieram a público, Deltan comunica Moro, em 14 de dezembro de 2016, que a denúncia contra o ex-presidente Lula está sendo “protocolada em breve”. Moro responde: “Um bom dia afinal”.

No dia 3 de fevereiro de 2017, Moro alerta Deltan que, nas ações penais contra Lula e o ex-ministro Antonio Palocci, há “dezenas de testemunhas arroladas pelas Defesas de executivos da Odebrecht”. “Depois da homologação isso não parece fazer mais sentido, salvo se os depoimentos forem para confirmar os crimes. Isso está trancando minha pauta. Podem ver com as Defesas se não podem desistir?”, escreveu. “Resolvemos sim. Falaremos com os advogados para desistirem”, respondeu Deltan.