Mandetta: nova cepa do coronavírus pode gerar megaepidemia no Brasil

Ex-ministro da Saúde também alertou sobre a falta de cuidados ao transferir pacientes de uma região para outra

Foto: Isac Nóbrega/PR

O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou na quarta-feira que o Brasil pode ter uma megaepidemia causada pela nova variante do coronavírus, identificada em Manaus, em aproximadamente dois meses. Mandetta também alertou para a falta de cuidados ao transferir pacientes de uam região para outra.

“Hoje nós temos quatro grandes crises sanitárias. E entrando a quinta crise que é essa história, dessa cepa, dessa variante de Manaus, que o mundo inteiro está fechando os voos para o Brasil e o Brasil está, não só aberto normalmente, como está retirando paciente de Manaus e mandando para Goiás, mandando para a Bahia, mandando para outros lugares sem fazer os bloqueios de biossegurança”, disse o ex-ministro durante entrevista ao programa Manhattan Connection, da TV Cultura.

O avanço da cepa é apontado como uma das razões para a explosão de casos e o consequente colapso no sistema de saúde no Amazonas. Segundo estudos feitos por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e Fiocruz Amazonas, a cepa, surgida em Manaus em dezembro, vem se disseminando com rapidez.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a variante encontrada no Brasil já é vista em oito países.

Divergências com Bolsonaro

O ex-ministro, que deixou o governo em abril do ano passado, também voltou a comentar as divergências com o presidente Jair Bolsonaro. “Nós tínhamos uma doença nova e um sistema com problemas antigos. Eu tinha que proteger esse sistema e reorganizar dentro de um ambiente de governo extremamente hostil a qualquer iniciativa de reorganização”, disse Mandetta, relembrando que optou por ter uma comunicação direta com a população. De acordo com o ex-ministro, “não tinha campanha do governo e o presidente fazia o contrário.”

Questionado sobre as atuais vacinas contra a Covid-19, Mandetta afirmou que o imunizante desenvolvido pelos laboratórios Pfizer e BioNTech é o que chama mais atenção, mas comenta sobre as necessidades do Brasil. “Para um País onde não há como chegar uma vacina a -70 graus em todos os rincões, a vacina tanto da Coronavac, quando da AstraZeneca, é o que melhor se aplica aqui”, disse. “E eu vou tomar aquela que estiver disponível para mim”, complementou.