Estudo aponta dois rumos ideais para a Carris, um deles a privatização

Empresa municipal atende 22% do transporte de Porto Alegre e teve resultado negativo de R$ 6,4 bilhões em 2019

Foto: Guilherme Testa / CP Memória

A três dias para o fim de 2020 (e da gestão atual), a Prefeitura de Porto Alegre apresentou, nesta terça-feira. o resultado parcial de um estudo sobre a Carris, feito por uma consultoria contratada. O trabalho, coordenado pela Secretaria Municipal de Parcerias Estratégicas (SMPE), busca encontrar soluções para diminuir os aportes feitos pela prefeitura na companhia de transporte coletivo urbano.

Durante a apresentação, feita pelo secretário adjunto de Parcerias Estratégicas, Fernando Pimentel, foram apresentados quatro cenários para a Carris e também propostas para melhorar e sanar problemas atuais de gestão da empresa. Ao final, o estudo elege a manutenção da empresa como está, mas com aplicação das medidas de melhoria, ou a privatização. “Não descartamos nenhuma possibilidade para a Carris”, garante o titular da secretaria, Thiago Ribeiro.

Pimentel esclarece que o estudo olha apenas para a Carris e não para o sistema como um todo, bem como prevê hipoteticamente tarifas em um cenário mais agressivo. A empresa municipal atende 22% do transporte da cidade e teve resultado negativo de R$ 6,4 bilhões em 2019.

Soluções

O estudo elencou algumas soluções, como adequar a frota à demanda, reduzir a frota fixa, reformular a sistemática do Plano de Demissão Voluntária (PDV), capacitar motoristas – para reduzir o consumo de combustíveis, 27% maior em relação às consorciadas -, implantar meios eletrônicos de pagamento de passagem, desobrigar o recebimento de dinheiro e terceirizar serviços, por exemplo.

Outra solução é deixar a empresa como está, sem mudanças drásticas, o que gera um aporte pela Prefeitura, até o fim de 2030, de R$ 300,4 milhões.

Outras alternativas citadas preveem a relicitação das linhas e a privatização; a relicitação das linhas e a liquidação da empresa, e a redução das operações, com relicitação de algumas linhas existentes hoje. Outra saída pensada é desligar a Carris da Câmara de Compensação Tarifária (CCT), uma espécie de fundo criado para assegurar o equilíbrio financeiro entre as concessionárias de transporte público e a Prefeitura, mas que acaba retirando recursos da empresa.

A manutenção das operações, segundo o secretário adjunto, só é vantajosa, mostra o estudo, com a aplicação de medidas transversais, como a extinção dos cobradores, do dinheiro em espécie nos ônibus, da venda do terreno e da criação de uma parceria público-privada (PPP) para terceirizar áreas administrativas e de manutenção, entre outras medidas para a gestão da companhia.

A privatização, por ser uma solução mais versátil e eficiente para os funcionários celetistas, é vista como um dos dois desfechos ideais para empresa, conforme apontou a consultoria Valor & Foco. “É uma decisão para a próxima gestão. Não cabe à gente definir este destino”, pontua Pimentel.

*Com informações do repórter Gabriel Guedes