Pesquisadores descobrem nova linhagem do coronavírus no Rio

Ainda não há evidências sobre transmissão ou letalidade, mas especialistas defendem monitoramento genético

Foto: Reprodução / Pìxabay

Pesquisadores brasileiros descobriram uma nova linhagem do coronavírus em circulação no Rio de Janeiro, publicou hoje o jornal O Estado de S.Paulo. Ainda não há evidências de que ela possa ser mais transmissível ou letal, mas os cientistas defendem a ampliação do monitoramento genético para identificar a evolução da pandemia a partir de novas cepas do vírus.

Especialistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, descobriram a variação a partir do sequenciamento genético do vírus encontrado em 180 pacientes infectados pelo SARS-CoV-2 entre abril e novembro no Rio. A nova linhagem aparece em 38 amostras desse grupo.

O achado é detalhado em artigo publicado no site do LNCC e submetido à plataforma online MedRxiv, portanto ainda sem revisão de outros pares. No texto, os pesquisadores dizem que a nova cepa nasceu a partir de cinco mutações na linhagem B.1.1.28, uma das predominantes no estado do Rio. Eles também sugerem que a ocorrência da nova cepa pode estar relacionada ao aumento de casos observado a partir de outubro no Rio (e que também ocorre em todo o País).

“A emergência dessa linhagem pode provavelmente estar associada à elevação do número de casos de Covid-19 (chamada de segunda onda) no estado. Junto com as linhagens virais pré-existentes circulantes no Rio, a segunda onda pode ser caracterizada pela presença dessa linhagem emergente”, dizem os pesquisadores.

No artigo, eles esclarecem que o surgimento de novas linhagens é comum e que, na maioria das vezes, elas não inferem maiores riscos, embora destaquem que monitoramento e estudos adicionais são necessários para entender a participação da cepa nas infecções.

Além das cinco novas mutações que deram origem à nova linhagem, ela também revela uma alteração na proteína Spike do vírus, responsável pela ligação do patógeno à célula humana. Essa alteração, observada em outras linhagens pelo mundo, inclusive na cepa identificada recentemente no Reino Unido, vem sendo associada ao “escape de anticorpos neutralizantes” contra o vírus, o que dificulta a resposta imune do organismo.