Ministro Salles fala de “alvoroço” ambientalista em relação às emissões de gases de efeito estufa

À Rádio Guaíba, ele também comentou sobre a revisão das metas do país no Acordo de Paris

Foto: Marcello Camargo/ABr

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse que há “certo alvoroço” por parte de ambientalistas em relação às emissões de gases de efeito estufa em território brasileiro. Segundo ele, países desenvolvidos, como Estados Unidos, China e do continente europeu, emitem muito mais carbono na atmosfera do que o Brasil, que representa 3% das emissões. “Não somos, nem de longe, os vilões da mudança climática. Os vilões são aqueles que estão há duzentos anos queimando lenha em locomotiva, cortando floresta para fazer dormente de ferrovia e cuja base energética é o carvão”, disse Salles ao Boa Tarde, Brasil nesta terça-feira.

Salles também comentou sobre a revisão das metas do país no Acordo de Paris. “O Brasil contribuirá para as reduções dos gases, mas por outro lado, para isso, nós temos que receber uma compensação financeira. O governo manteve os mesmos percentuais e disse ‘nós faremos o trabalho para que o Brasil seja neutro na emissão de carbono em 2060 e poderemos antecipar esse prazo caso os países ricos coloquem dinheiro, como foi prometido'”, explicou Salles.

Ainda conforme o ministro, a devastação da Amazônia era três vezes maior em 2004 e 2005. “Temos um desafio grande pela frente, mas a principal etapa a ser vencida é cuidar das pessoas. Há 23 milhões de brasileiros na Amazônia, na região mais rica do país com o pior Índice de Desenvolvimento Humano. Precisamos melhorar a prosperidade da região e a qualidade de vida das pessoas, para que elas não fiquem tão sujeitas a serem envolvidas em atividades ilegais e ambientalmente indesejadas”, defendeu Salles.

Ele também disse que é possível fazer exploração mineral de forma legal na Amazônia e que é necessário bom senso e equilíbrio. Salles citou que a riqueza incomensurável existente no local, como ouro, minério de ferro, diamante e nióbio, não pode ser ignorada. “Quando se ignora essa riqueza, as atividade ilegais acabam prosperando. A pessoa não explora de maneira correta e acaba abrindo espaço para a exploração ilegal. Não faz sentido essa política do avestruz, fazendo de conta que o problema não existe”, comentou.

Sobre reservas indígenas, Salles declarou que o governo respeita os povos “que querem viver em isolamento”. “Há outros, por outro lado – arrisco até a dizer que talvez seja a maioria – que já estão incorporados à uma visão da civilização branca. Essas pessoas já têm acesso a televisão, celular, carro, relógio, Netflix. Portanto, não é correto negar a essas pessoas a possibilidade de trabalhar de acordo com a lei, seja na agricultura, na mineração ou em qualquer outra atividade”, acrescentou o ministro.