O cirurgião cardíaco, professor e ex-presidente da Fundação Universitária de Cardiologia – Instituto de Cardiologia, Ivo Nesralla, morreu no fim da manhã desta quarta-feira, em Porto Alegre. Aos 82 anos, o médico faleceu em casa em consequência de uma parada cardiorrespiratória.
O velório ocorre nesta terça, na capela 6 do Cemitério da Santa Casa, das 8h às 11h. Há restrição de acesso, de 10 pessoas por vez, em função da pandemia de coronavírus.
Formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), em 1962, durante o curso integrou a primeira equipe de cirurgia torácica e cardiovascular. Formado, tornou-se o primeiro médico residente do Serviço de Cirurgia Torácica e Cardiovascular da universidade.
Também desenvolveu residência no Instituto Dante Pazzaneze de Cardiologia, em São Paulo, sendo aluno de Adib Jatene, e em várias universidades dos Estados Unidos. Voltando a Porto Alegre, em 1966 participou da criação da Fundação Universitária de Cardiologia, assumiu a chefia do Serviço de Cirurgia Cardiovascular do Departamento de Cirurgia da Ufrgs, idealizou e organizou o Serviço de Cirurgia Cardiovascular do Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul, do qual era sócio-fundador, e organizou o primeiro Serviço de Cirurgia Cardíaca do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
Em 1970, realizou a primeira operação de ponte de safena no Rio Grande do Sul e uma das primeiras do país. Em 1973, empregou pela primeira vez no Brasil a técnica da hipotermia profunda para cirurgias cardíacas e, em 1984, realizou o primeiro transplante cardíaco no RS. Em 1999, implantou o primeiro coração artificial na América Latina e, em 2000, realizou a primeira cirurgia com uso da técnica robótica na América Latina. Comandou mais de 45 mil cirurgias do coração e dos grandes vasos, e mais de 200 transplantes.
Foi presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular (1985-1987), da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (1989-1990) e da Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina (1997). Também dirigiu o Jornal Brasileiro de Transplantes (1989-1990), além de ter sido membro da Academia Nacional de Medicina e do Conselho Editorial, professor titular de Cirurgia do Departamento de Cirurgia Cardiovascular da Ufrgs. Igualmente desempenhou, por muitos anos, intensa atividade cultural, sendo sócio benemérito da Associação dos Amigos do Museu de Arte do Rio Grande do Sul. Também presidiu a 2ª e 3ª edições da Bienal de Artes Visuais do Mercosul e a Fundação Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (1983-1991 e 2003-2018).
Em 1991, Nesralla recebeu o título de Cidadão Emérito de Porto Alegre. Em 1998, quando a Assembleia Legislativa homenageou o Instituto de Cardiologia no Grande Expediente, teve o nome repetidamente elogiado por parlamentares e médicos presentes à cerimônia. Em 2001, recebeu a Medalha Cidade de Porto Alegre e a Ordem do Mérito Cultural do Brasil. Em 2015, ganhou a Medalha do Mérito Farroupilha, a maior distinção conferida pela Assembleia Legislativa, e em 2016 o Prêmio Academia da Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina como “o melhor médico do Rio Grande do Sul no ano, lembrando sua trajetória de homem generoso, dedicado não só à Medicina, mas também à OSPA e a outras obras de importância social”.
Por meio de nota, a direção da Fundação Universitária de Cardiologia lamentou a morte de Nesralla. “O seu espírito pioneiro reacendeu a cirurgia de transplante de coração em nosso país e sua liderança foi fundamental para cumprirmos a nossa missão de assistência, ensino e pesquisa”.