Nove meses após as primeiras restrições impostas aos estabelecimentos, por conta da pandemia de Covid-19, os bares e restaurantes de Porto Alegre ainda sentem o reflexo do isolamento social. Conforme pesquisa realizada pelo Instituto de Estudos de Protesto do Rio Grande do Sul (Iepro-RS), durante os dias 28 de novembro e 3 de dezembro, 94% dos bares e restaurantes informaram redução no número de clientes, em comparação ao período anterior à pandemia.
Para 91%, a situação resultou em queda de receita. Quase um terço teve uma redução maior que 50% do faturamento, também em relação ao período anterior à pandemia (janeiro e fevereiro deste ano).
Segundo o levantamento, os efeitos das medidas de isolamento social e da crise financeira seguem afetando 70% dos bares e restaurantes. Desses, 41% dizem ter sofrido impacto expressivo.
A maior dificuldade enfrentada por mais da metade (57%) dos bares e restaurantes, atualmente, é a diminuição no número de clientes. Para 19% o maior problema é trabalhar com medo de ter que fechar novamente o negócio, por conta de uma possível segunda onda de coronavírus.
Dívidas & Reinvenção
A pesquisa mostrou que 36% dos estabelecimentos contraíram dívidas e que 34% deixaram de pagar os fornecedores. As contas de água e luz deixaram de serem pagas por 16%, empatados com as parcelas de empréstimos, também com 16%, seguida de tributos e impostos, com 13%. Um terço dos estabelecimentos endividados não sabe quando vai conseguir arcar com os pagamentos pendentes.
Com as condições impostas, a categoria teve de se reinventar e buscar alternativas para a sobrevivência: 46% demitiram trabalhadores e, entre os que não o fizeram, 18% ainda pretendem desligar algum funcionário.
A boa notícia, para o cliente, é que 25% dos bares e restaurantes vêm fazendo promoções ou baixando preços para se manter. Já 20% dos estabelecimentos que não vendiam por delivery agora oferecem essa opção.
Foram realizadas entrevistas presenciais em 300 bares e restaurantes de Porto Alegre, respeitando as medidas e cuidados de saúde recomendados pela OMS, em todas as regiões da cidade.
O Iepro-RS é uma entidade de classe sem fins lucrativos, que congrega os 298 Cartórios de Protesto do Rio Grande do Sul.