Em carta, servidores da Anvisa afirmam não servir “aos interesses de governos”

Funcionários públicos da agência destacaram que "o trabalho técnico está acima de qualquer pressão"

Foto: Marcello Casal / Agência Brasil / CP

Servidores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicaram uma carta aberta na quinta-feira afirmando que realizam um trabalho técnico e independente e que não servem “aos interesses de governos, de pessoas, de organizações ou de partidos políticos.” A agência tem enfrentado pressão dos governos federal e do Estado de São Paulo pela liberação da vacina contra a Covid-19.

A carta, divulgada pela Associação dos Servidores da Anvisa (Univisa), diz que os profissionais estão a serviço do povo brasileiro e que a agência é uma referência na área de saúde. “Pressões externas são inerentes ao trabalho desenvolvido por nós, servidores da Anvisa, mas o trabalho técnico está acima de qualquer pressão.”

Em reunião na última terça-feira, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), cobrou uma posição do ministro da Saúde Eduardo Pazuello sobre a compra da Coronavac, vacina para Covid-19 que está sendo desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantã, ligado ao governo paulista. O ministro respondeu que a Anvisa poderia levar até 60 dias para realizar a análise dos imunizantes.

Ainda nesta semana, interlocutores de Doria afirmaram que o governador pretende acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) para seguir o plano de iniciar a imunização contra o novo coronavírus em 25 de janeiro de 2021.

Nesta quinta-feira, a agência aprovou uma resolução com regras para permitir o uso emergencial de vacinas contra o vírus.