Ministério da Saúde confirma primeiro caso de reinfecção de Covid-19 no Brasil

Por meio de sequenciamento genético, paciente de 37 anos, profissional de saúde com atuação em serviços no Rio Grande do Norte e na Paraíba, teve diagnóstico confirmado em junho e outubro

Foto: Pedro Ilicciev / Fiocruz

O Ministério da Saúde confirmou na manhã desta quinta-feira o primeiro caso de reinfecção por Covid-19 no Brasil – e o 27º no mundo. A pasta afirmou que se trata de uma paciente de 37 anos, profissional de saúde com atuação em serviços no Rio Grande do Norte e na Paraíba. A confirmação ocorreu por meio de sequenciamento genético realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). “O caso reforça a necessidade da adoção do uso contínuo de máscaras, higienização constantes das mãos e o uso de álcool em gel”, diz a pasta em nota.

Conforme a Secretaria de Saúde, a paciente apresentou um quadro de síndrome gripal (dor de cabeça, dor abdominal e coriza) em 17 de junho deste ano, tendo coletado amostra para teste RT-PCR na Paraíba três dias depois. O resultado foi positivo para o SARS-CoV-2. Em 11 de outubro, a paciente voltou a apresentar o quadro de síndrome gripal, segundo o governo, com sintomas como dor de cabeça e distúrbios no paladar e no olfato. O teste realizado no dia 13 de outubro voltou a dar positivo. As amostras foram enviadas para a Fiocruz para investigação laboratorial.

“A Secretaria de Saúde Pública ressalta ainda que foi constatada a presença de linhagens distintas do vírus nas amostras coletadas, o que confirma o primeiro caso de reinfecção do País. Existem hoje no Rio Grande do Norte, nove casos notificados, sendo um confirmado, cinco em investigação e três com inviabilidade de análise”, informou a pasta potiguar.

Casos suspeitos no RS

No Rio Grande do Sul todos os casos suspeitos de reinfecção foram negados pela Secretaria Estadual da Saúde, que divulgou nota técnica sobre o tema. “Considera-se hoje suspeito o indivíduo com dois resultados detectáveis por RT-PCR com intervalo igual ou superior a 90 dias entre os dois episódios. A investigação é realizada através do sequenciamento do DNA detectado do vírus nessas duas amostras. Isso é feito para identificar se é uma situação de reinfecção por cepas virais diferentes (variáveis do Sars-CoV-2 com pequenas mudanças entre eles) ou uma reativação do vírus, o que é possível de acontecer dependendo do sistema imunológico da pessoa”, explica.

“Não há até o momento uma quantificação dessas suspeitas no Estado pois, no momento, o processo ainda encontra-se na fase de identificar esses casos e fazer a busca por essas duas amostras. A orientação do Centro de Operações de Emergência (COE/RS) é que amostras detectáveis dos trabalhadores de saúde, mais sujeitos a reinfecção pela constante exposição, sejam armazenadas em freezer -80°C, naqueles laboratórios que possuem esse equipamento, por no mínimo 180 dias. A análise genética é realizada pela Fiocruz no Rio de Janeiro”.

27º caso mundial

De acordo com a agência de notícias holandesa BNO News, que ainda não computa o caso brasileiro, 26 casos confirmados de um segundo contágio em uma mesma pessoas. Eles foram registrados na Coreia do Sul, Bélgica, Espanha, Suécia, Holanda, Qatar, Estados Unidos, Índia. Desses, 25 pacientes se recuperaram bem e um morreu: em outubro, uma holandesa de 89 anos foi registrada a primeira vítima de reinfeção. A média de tempo entre o primeiro e o segundo episódio de Covid-19 é de 76 dias, e a plataforma calcula que existam mais de mil e 600 casos suspeitos, que ainda precisam ser analisados profundamente.

Isso porque as secretarias de saúde precisam verificar se os casos suspeitos realmente se tratam de reinfecções, visto que o coronavírus residual pode permanecer no corpo por várias semanas. Ou seja, uma pessoa que se recuperou de Covid-19 pode ter baixos níveis do vírus em seu corpo por até três meses após o diagnóstico, podendo continuar a ter um resultado detectável (RT-PCR), mesmo que não esteja transmitindo o vírus.