O aumento dos casos confirmados para o novo coronavírus no Rio Grande do Sul também reflete entre os profissionais que atuam na linha de frente no combate à doença. No Estado, das 359.544 pessoas que testaram positivo para doença, pelo menos 19.948 são profissionais da saúde, o equivalente a 5,58% do total. Os dados estão disponíveis no Painel Coronavírus da Secretaria Estadual de Saúde (SES).
O Observatório da Enfermagem, sistema que reúne dados do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e dos Conselhos Regionais, aponta que houve aumento de 50% no número de profissionais que perderam a vida em decorrência da Covid-19 no RS. Até 2 de outubro, 10 profissionais faleceram por conta da Covid-19. Menos de dois meses depois, em 28 de novembro, o total de óbitos chegava a 15. Desde o início da pandemia, 9 mulheres e 6 homens profissionais de enfermagem morreram em decorrência do novo coronavírus.
A mais recente vítima da Covid-19 foi o enfermeiro Anderson Luis Moreira Azambuja, 42, que faleceu em 28 de novembro no São Lucas da PUCRS, onde atuava. Ele também era funcionário do Hospital de Pronto Socorro de Canoas. Na avaliação do presidente do Conselho Regional de Enfermagem do Rio Grande do Sul (Coren-RS), Daniel Menezes de Souza, o aumento da testagem entre os profissionais de enfermagem poderia evitar a disseminação da doença e ajudar no afastamento precoce de funcionários diagnosticados com a doença.
“Evidências científicas apontam que entre 70% a 80% dos contaminados não desenvolvem sintomas. E os testes RT-PCR somente são realizados nas pessoas com sintomas”, observa.
O aumento dos atendimentos, principalmente nos últimos 20 dias, também contribui para a maior infecção entre os profissionais de enfermagem, que muitas vezes cumprem jornadas exaustivas de trabalho. “Muitas vezes eles se submetem a exposição a uma grande carga viral, onde tem muito vírus circulando, e por conta dos procedimentos de rotina”, afirma.
A sobrecarga de trabalho aliada à baixa imunidade também pode deixar os profissionais propensos a contrair o vírus. “Alguns dos problemas que eles enfrentam são exaustão, cansaço físico e depressão”, completa.
De acordo com o presidente do Sindisaúde, Júlio Jensien, houve relaxamento das restrições de circulação em junho e novembro em função das eleições e das festas de fim de ano. Ele reforça que a curva dos casos de pessoas infectadas pela doença apresenta elevação ‘absurda’ assim como a ocupação dos leitos de UTIs na Capital. E destaca o afrouxamento das medidas de restrição no período eleitoral como uma das causas do aumento dos casos envolvendo a Covid-19.
“Os gaúchos mais uma vez vão chorar a irresponsabilidade dos gestores do estado”, afirma.
No Estado, até 9 de dezembro, o Observatório aponta 2.515 profissionais com diagnóstico confirmado para a doença. Com isso, o RS é o segundo estado com maior número de casos confirmados para a Covid-19 entre os profissionais da enfermagem, ficando atrás apenas da Bahia (3.413).
O Observatório aponta ainda que outros 1.158 casos no Estado têm diagnóstico suspeito de contrair o vírus. No país, já foram registrados 44.254 casos do novo coronavírus entre profissionais da categoria. Desse total, 433 faleceram em decorrência da doença. Além disso, 34 mortes são de pessoas com diagnóstico suspeito da doença.