O aumento dos casos ativos para o novo coronavírus em Porto Alegre e o registro de novos casos confirmados para a doença, nos últimos 14 dias, deixaram em alerta a Secretaria Municipal de Saúde (SMS). A aceleração da transmissão do vírus por conta da maior circulação da população reflete na ocupação dos leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), sobrecarregando o sistema de saúde, que desde a semana passada opera próximo da capacidade máxima.
Na avaliação do secretário da Saúde, Pablo Stürmer, a necessidade de atender à demanda represada de pacientes que dependem de cirurgias e outros tratamentos, aliada às internações de pacientes diagnosticados com a Covid-19, fazem pressão sobre a rede hospitalar. “É o momento de maior número de casos ativos e casos novos nos últimos 14 dias. Ampliamos bastante a testagem, praticamente dobramos, então isso pode ter contribuído, mas também mostra a aceleração da doença. O principal indicador é a ocupação das UTIs”, explica.
Com os leitos de UTIs beirando 90% de ocupação na Capital, Stürmer não descarta novas medidas, como a redução do horário de funcionamento do comércio, para evitar a disseminação da doença. “A restrição é uma medida que a gente sempre cogita, pois reduz circulação de pessoas e reduz circulação do vírus”, esclarece. “Não descartamos nada. O funcionamento do comércio é uma pauta que está sempre no radar”, completa. Stürmer observa que é preciso evitar “remédio mais amargo” que tenha efeito adverso na economia.
Ele reforça que parte da população precisa se conscientizar sobre a necessidade de cumprir as medidas sanitárias, como distanciamento social e uso de máscaras. “Estamos com ocupação de UTIs por Covid inferior ao pico de agosto e setembro, mas estamos num momento de coexistência de demandas de pacientes Covid-19 e não Covid-19”, reforça. Conforme Stürmer, muitas pessoas adiaram cirurgias e tratamentos adiados no auge da pandemia.
Nos próximos dias, hospitais referências no tratamento da doença, como Clínicas e Nossa Senhora da Conceição, devem ampliar o número de leitos em função do aumento de demanda. “Enquanto sociedade, precisamos ter consciência de que a pandemia existe. E por mais impressionante que possa parecer, há quem que não acredite A pandemia existe e não foi embora. Basta uma pessoa contaminada para se gerar uma cadeia de transmissão do vírus”, reforça.
Além da preocupação com a ocupação de leitos de UTIs, Stürmer alerta para os relatos de dirigentes de hospitais sobre o desgaste das equipes de saúde após nove meses atuando na linha de frente do combate à doença. “Vários hospitais relataram dificuldades nas escalas para manter profissionais, garantir horas-extras. Os profissionais dão o sangue e fazem a diferença na vida das pessoas”, observa.
Crescem internações por casos confirmados de Covid-19 na Capital
Com 296 casos confirmados para o novo coronavírus, as internações em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) da rede hospitalar de Porto Alegre registraram aumento em relação ao dia anterior, quando havia 294 pacientes com teste positivo para a Covid-19. Além de 20 pessoas internadas com diagnóstico suspeito para a doença, outras 16 que testaram positivo para o novo coronavírus seguem aguardando, em emergências, uma vaga de UTI. Conforme a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), até o fim da tarde eram 312 casos relacionados ao novo coronavírus.
Quatro hospitais respondiam por quase 60% das internações em UTIs de pacientes confirmados para a Covid-19 ou com diagnóstico suspeito da doença: Clínicas (64), Santa casa (51), Mãe de Deus (38) e Moinhos de Vento (32). A taxa de ocupação geral dos leitos de UTIs também apresentou elevação de dois pontos percentuais em relação a domingo e atingiu 90,28%. Dos 788 leitos operacionais, havia 684 ocupados, com o Vila Nova, o Ernesto Dornelles e o Moinhos de Vento operando com capacidade máxima.
*Com informações da repórter Jessica Hübler/Correio do Povo