Menos de 24 horas após ser eleito prefeito de Porto Alegre com 370 mil votos, Sebastião Melo (MDB) já trabalha na definição dos primeiros passos do governo que tem início em 1º de janeiro. O político marcou para as 15h desta segunda-feira (30) a primeira reunião com o atual gestor, Nelson Marchezan Júnior (PSDB), com quem vai definir o formato da transição.
Em sua primeira entrevista como futuro chefe do Executivo na Capital, dentro do programa Agora, da Rádio Guaíba, Melo antecipou as prioridades da gestão: pacificação, economia, investimentos e responsabilidade social. O tom usado ao longo da campanha foi mantido, assim como o compromisso de consultar economistas e infectologistas para garantir a continuidade do funcionamento dos setor econômicos em meio à pandemia da Covid-19.
“A gente sabe que a doença é grave. Mas com o distanciamento, os protocolos necessários, a cidade tem que funcionar. Porto Alegre tem como base os serviços. Mais de 30% dos nossos recursos advém dos tributos municipais. Se não tem venda de imóveis, não há ITBI. Se não tem a liberação do habite-se, não há IPTU. Não há proteção social se a economia não girar”, ponderou o prefeito eleito.
O emedebista reconhece a necessidade de ampliação dos serviços municipais, e dá como exemplo a criação de novas vagas nas creches. Entretanto, vincula os investimentos à uma reestruturação da máquina pública. “A compensação dada pelo Governo Federal à perda de arrecadação não vem mais. A prefeitura vai ter de cortar despesas para dar conta do essencial. Precisamos de equilíbrio fiscal para atingirmos a responsabilidade social”, afirma.
Mercado Público
Alvo de polêmicas durante o governo Marchezan, que chegou a lançar um edital para a concessão do espaço à iniciativa privada, o Mercado Público de Porto Alegre será um dos temas centrais nos primeiros dias da gestão Melo. A ideia do prefeito eleito é reabrir o diálogo com os permissionários, que administram as lojas instaladas no local, na tentativa de buscar uma solução rápida para a recuperação do prédio.
“Vou ser o prefeito de todos os bairros, mas quem não cuida do Centro não dá conta do resto da cidade. Vamos sentar com os permissionários do Mercado Público para analisar a possibilidade deles, juntos, finalizarem as obras (em andamento desde o incêndio que atingiu o local, em 2013). Precisamos estimular a volta de moradias na região. Cidade boa para viver é aquela de uso misto”, ressaltou Melo.
“Tenho capacidade de unir a cidade”
Peça central de uma campanha bastante agressiva, de parte a parte, especialmente no segundo turno das eleições, Sebastião Melo promete respeitar a oposição de seu governo e promover a pacificação de Porto Alegre. O político rechaçou o rótulo de “candidato das elites” – atribuído a ele pela adversária, Manuela D’Ávila (PCdoB) – e voltou a defender a ideia de uma administração plural.
“Essa questão de divisão de classes é uma coisa horrenda. Nós somos uma cidade de muitas etnias. Tem racismo no Brasil? Tem. No mundo? Tem. Em Porto Alegre? Tem. Mas Porto Alegre é acolhedora. Um prefeito tem que governar para as mulheres, para os negros, para os jovens, para os pardos, para os brancos. Tem que governar para todo mundo”, disse o emedebista.
Agenda
Além da reunião com Marchezan, Melo deve se encontrar com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), ao longo desta semana – tendo como pautas centrais o Cais Mauá e a segurança pública. O prefeito eleito da Capital também tem interesse em agendar um encontro com o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), para debater as obras financiadas pelo Governo Federal e a distribuição da vacina contra a Covid-19.