Sem depoimento de Bolsonaro, AGU pede fim de inquérito sobre suposta interferência na PF

Conforme o advogado-geral da União, presidente abriu mão de se defender

Sergio Moro foi ministro de Bolsonaro por quase um ano e cinco meses | Foto: Marcos Corrêa/PR
Foto: Marcos Corrêa/PR

A Advocacia-Geral da União (AGU) pediu hoje a conclusão do inquérito que apura a suposta interferência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal (PF) e o crime de denunciação caluniosa por parte do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro.

Em uma manifestação encaminhada ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), atual relator do caso, o advogado-geral da União, José Levi do Amaral, sustenta que a divulgação da reunião ministerial de 22 de abril demonstrou “infundadas quaisquer das ilações que deram ensejo ao inquérito”.

Na petição, Amaral também esclarece que o presidente abriu mão de prestar depoimento no inquérito. “Assim, o peticionante vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, declinar do meio de defesa que lhe foi oportunizado e roga pronto encaminhamento dos autos à Polícia Federal para elaboração de relatório final a ser submetido, ato contínuo, ainda dentro da prorrogação em curso, ao Ministério Público Federal”, solicitou o advogado-geral.

Em outubro, o plenário da Corte iniciou o julgamento do recurso no qual a AGU pede para que seja concedido ao presidente o direito de prestar depoimento por escrito no inquérito. Após o voto do ministro Celso de Mello, antigo relator, o julgamento ficou suspenso. A data da retomada segue indefinida. No mês passado, Mello se aposentou, sendo substituído pelo ministro Nunes Marques.

No recurso, José Levi argumenta que o Supremo deve conferir tratamento isonômico a Bolsonaro, uma vez que o ex-presidente Michel Temer teve aval para prestar depoimento por escrito em diferentes inquéritos do qual era alvo na Corte enquanto ocupou o cargo, em 2018.

Em manifestações divulgadas desde a abertura do inquérito, o presidente Jair Bolsonaro negou ter pedido para o então ministro Moro interferir em investigações da PF.