Pazuello reconhece “repique” da Covid-19 e minimiza falta de plano de vacinação

Ministro não se manifestou sobre os cerca de 7 milhões testes encalhados que vencem nos próximos meses

Foto: Erasmo Salomão / MS

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, reconheceu nesta quinta-feira, o aumento de casos e óbitos pela Covid-19 no Brasil. A Pasta vinha culpando a dificuldade de acesso a dados, por um ataque hacker recente, para desviar do assunto. “No Sul e Sudeste o repique é mais claro. No Norte e Nordeste é bem menos impactante, com algumas cidades fora da curva. O Centro-Oeste é mais no meio do caminho. Sim, isso é repique da nossa pandemia”, disse Pazuello durante evento no Ministério da Saúde sobre cuidado e prevenção à prematuridade.

No evento, perguntas feitas pela imprensa não foram encaminhadas ao ministro, apontou o jornal O Estado de S.Paulo. Ele também não se manifestou sobre os cerca de 7 milhões testes encalhados que vencem em dezembro e janeiro. Além disso, ignorou o vazamento de dados pessoais e médicos de ao menos 16 milhões de brasileiros, ambos os casos revelados pelo Estadão.

Pazuello minimizou, ainda, a falta de plano de vacinação sobre a Covid-19. Ele afirmou que o Programa Nacional de Imunizações (PNI) acumula “a maior expertise do mundo” no tema, e que o plano deve ser divulgado quando houver sinal mais concreto sobre quais vacinas serão distribuídas ao SUS. “Precisamos aproximar um pouco mais do momento da chegada para fechar o plano logístico”, disse. Ele afirmou que já foram feitos estudos sobre público-alvo.

Após reconhecer aumento de casos e mortes pela Covid-19, Pazuello disse que os cerca de R$ 6 bilhões ainda disponíveis para transferir a estados e municípios contra a Covid-19 devem ser direcionados ao custeio do funcionamento dos leitos exclusivos para a pandemia em 2021. Além disso, para bancar cirurgias eletivas e tratamentos interrompidos no SUS durante a crise sanitária. O recurso é parte dos R$ 42 bilhões reservados à Saúde para combater a doença.

Durante a cerimônia, Pazuello disse que não há uma “segunda onda”, mas um “repique” da pandemia. Ele afirmou que a Europa vive um novo surto, mas que o termo “onda” deve ser usado de outra forma. Na sequência, ele disse que há quatro ondas em crises dests tipo: a doença que causa a pandemia, além de seus “surtos” ou “repiques”; agravamento de outras doenças que foram negligenciadas na crise; aumento de conflitos dentro de casa, como feminicídios e uma onda final de piora da saúde mental.