Um craque, um gênio, um ídolo que transcendeu as quatro linhas de um campo de futebol e agora imortal: Diego Armando Maradona, tão querido e controverso, teve o corpo enterrado no começo da noite desta quinta-feira, no cemitério Jardim da Paz, na periferia de Buenos Aires, após um velório de quase 11 horas e cerca de um milhão de fãs que queriam dar o último adeus ao eterno camisa 10, em clima de estádio de futebol.
Maradona, campeão com a seleção argentina da Copa do Mundo 1986, escolhido atleta do século 20 em eleição realizada no site da Fifa e de outros tantos títulos, entrou para a eternidade ao lado dos pais, Dalma e Don Diego, enterrados no mesmo lugar.
O velório aberto ao público na Casa Rosada, sede do governo argentino, começou pouco depois das 6h (local e de Brasília). Logo na abertura dos portões que dão acesso ao salão principal, aconteceu um tumulto entre fãs e policiais, rapidamente resolvido. A cerimônia seguiu normalmente apesar dos mais de 3 km de fila e menos de 15 segundos para ver o caixão com a bandeira do país e uma camiseta do Boca Juniors, time pelo qual o craque se consagrou.
Já no começo da tarde, em uma tentativa da polícia de não permitir mais o acesso de visitantes antes mesmo do horário previsto, às 16h, aficcionados protagonizaram alguns momentos de maior tensão. Com a situação controlada, o governo anunciou a prorrogação do velório até as 19h, mas a família preferiu encerrar a cerimônia antes.
O corpo de Maradona deixou a Casa Rosada às 17h45min e seguiu em carro fechado pela avenida 25 de Maio. No caminho, foi ovacionado por uma verdadeira multidão que deixou o isolamento social para se despedir de Dieguito, como também era carinhosamente chamado. Já na autopista, saindo do centro da capital federal, motociclistas escoltaram o carro da funerária.
Após 45 minutos de traslado, o carro e a comitiva auxiliar chegaram ao bairro de Bella Vista. Desde a entrada do cemitério, de ruas simples e apertadas, torcedores que puderam acompanhar entoaram cantos em homenagem a Maradona. Muito comuns nos estádios argentinos, bandeiras com o rosto do craque argentino foram agitadas no redor do cemitério.
Claudia Villafañe, ex-mulher de Maradona e quem mais teve que lidar com os excessos do marido, acompanhou bastante emocionada a cerimônia, segundo relatos na imprensa argentina. Além dela, as filhas Dalma e Giannina ficaram ao lado do caixão.
Verónica Ojeda e o filho mais novo do astro, Diego Fernando, também estiveram no local; assim como a também filha Jana. Diego Junior não conseguiu chegar da Itália por que está com Covid-19. Rocío Oliva, supostamente impedida de entrar no velório, não aparece nas imagens do cemitério.
Maradona, que havia acabado de completar 60 anos, morreu na última quarta, vítima de uma parada cardiorrespiratória. A família chegou a pensar em um sepultamento no fim de semana, mas recuou também em razão da pandemia do novo coronavírus e da necessidade do isolamento social. A Argentina contabiliza cerca de 1,39 milhão de casos e quase 38 mil mortes pela Covid-19.