Sob aplausos, corpo de João Alberto é sepultado em Porto Alegre

Vítima foi velada durante a manhã deste sábado no cemitério municipal São João

Foto: Fabiano do Amaral/Correio do Povo

O corpo de João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, foi sepultado no fim da manhã deste sábado (21) no cemitério municipal São João, na Zona Norte de Porto Alegre, próximo à unidade do supermercado Carrefour onde ele foi espancado até a morte por dois seguranças brancos na noite de quinta-feira. Beto foi enterrado sob a bandeira do São José, time do qual era torcedor, e aplausos de familiares e amigos que estiveram presentes na despedida.

O pai da vítima, João Batista Rodrigues Freitas, de 65 anos, pediu Justiça em nome do filho. Para ele, o crime foi cometido por puro racismo. “Aquilo foi premeditado. Uma pessoa branca, de olhos azuis, não acontece essas coisas”, disse durante a manhã deste sábado. O pai da vítima relembrou os últimos momentos ao lado do filho. João Batista contou que viu o filho pela última vez na quinta-feira durante o dia. “Nós fomos até a casa onde eu moro e lá nós conversamos sobre um utilitário que eu queria comprar. Mas depois fui surpreendido com isso que vocês já sabem”, lamentou.

“Se fosse uma pessoa branca ali, eles iriam espancar até a morte?”

O primo de João Alberto, Flávio Jones Flores Machado, afirmou que a família tomará as medida cabíveis em relação a morte da vítima. “Não vai trazer de volta, nunca. Mas impune o Carrefour não pode ficar”, disse. Sobre as motivações do espancamento que causaram a morte do primo, Flávio reforçou que se fosse uma pessoa branca, o tratamento não seria o mesmo. “A pergunta principal que eu me fiz foi: se fosse uma pessoa branca ali, eles iriam espancar até a morte? Eu acho que é uma pergunta que muita gente deve estar se fazendo. Acredito que não ia ter o mesmo destino”, declarou.