O futuro da rede de educação básica de Porto Alegre e a crise econômica foram os principais temas do debate promovido pela Rádio Guaíba, Correio do Povo e Associação Médica do Rio Grande do Sul (Amrigs), na tarde desta terça-feira. Dez candidatos à prefeitura da Capital se enfrentaram no encontro, que teve quase três horas de duração.
Participaram, em ordem alfabética: Fernanda Melchionna (PSol), Gustavo Paim (PP), João Derly (Republicanos), José Fortunati (PTB), Juliana Brizola (PDT), Manuela D’Ávila (PCdoB), Nelson Marchezan Júnior (PSDB), Rodrigo Maroni (PROS), Sebastião Melo (MDB) e Valter Nagelstein (PSD).
“Foi um debate de suma importância. Agora, o eleitor vai ter a oportunidade de escolher o seu candidato. No dia 15, certamente, o portoalegrense vai votar consciente, em quem eles acham que vai cuidar a nossa cidade”, afirmou o diretor-executivo da Rádio Guaíba, Claudinei Girotti.
Os postulantes ao Paço Municipal foram dispostos em púlpitos, no Teatro da Amrigs, seguindo os protocolos de distanciamento impostos pela pandemia. Além de separados uns dos outros, eles usaram máscaras ao longo de todo o debate – com exceção dos momentos em que tinham de falar ao microfone.
Educação, moradia e renda
Os primeiros momentos do embate foram marcados por uma série de perguntas envolvendo o futuro da rede de educação pública de Porto Alegre. Logo após a fase de apresentações, a candidata Juliana Brizola questionou Manuela D’Avila a respeito de um posicionamento quanto às aulas em turno integral.
Citando o avô, Leonel Brizola, a pedetista voltou a reforçar que essa é uma das principais bandeiras do programa de governo. A representante do PCdoB, por outro lado, aproveitou para detalhar uma proposta que envolve o uso da tecnologia para otimizar o tempo dos alunos em sala de aula.
No mesmo tema, José Fortunati questionou Juliana Brizola sobre os conselhos escolares. A resposta causou o primeiro atrito entre candidatos: o petebista defendeu que já implementou a escola de tempo integral em Porto Alegre, na primeira passagem dele pelo Paço. A oponente rebateu com os índices educacionais da cidade.
A regularização fundiária pautou um debate entre Valter Nagelstein e Sebastião Melo, que criticaram o excesso de burocracia. Questionado por Marchezan, o candidato do PSD também comentou sobre a contratação de empresas privadas para a gestão da saúde, afirmando ser favorável a essa política, atualmente em curso.
As discussões sobre o protagonismo feminino também tiveram espaço na fala de Fortunati e Manuela (que acusou o ex-prefeito de não citar as mulheres no novo programa de governo). Por outro lado, Rodrigo Maroni optou por atacar os partidos de esquerda por causa dos formatos de financiamento de campanha.
Bolsonaro e vacina
O embate mais acalorado do primeiro bloco envolveu Fernanda Melchionna e Gustavo Paim. A candidata do PSol acusou o progressista de “se colar com Bolsonaro”, e questionou se o ele pretende oferecer a vacina contra a Covid-19 no SUS. Em um primeiro momento, o atual vice-prefeito se ateve a elogiar o governo federal, sem responder à pergunta.
Por fim, ambos se comprometeram a batalhar pelas doses, seja qual for o laboratório fornecedor do medicamento para o município.
Economia e segurança
A crise econômica do país, agravada pela pandemia de Covid-19, foi abordada por todos os postulantes à prefeitura. Rodrigo Maroni declarou “não ver solução a curto prazo” para os problemas enfrentados em Porto Alegre. Outros candidatos, como Nagelstein, Derly e Paim, defenderam a captação de recursos fora da capital.
Marchezan enumerou algumas iniciativas que, segundo ele, já melhoraram a vida dos novos empresários na cidade desde que assumiu o cargo, em 2016. Melo criticou as restrições impostas à economia no período mais restritivo da quarentena. Fortunati e Manuela defenderam o fortalecimento de laços com os governos estadual e federal.
Poucos candidatos apresentaram propostas relacionadas ao setor de segurança pública. Questionada por Valter Nagelstein, Brizola detalhou uma proposta de uso das câmeras de segurança privadas mediante desconto nos impostos das empresas participantes. O representante do PSD também refendeu o cercamento eletrônico da cidade.
Polêmicas
Como vem ocorrendo desde o início da campanha eleitoral, Maroni e Manuela voltaram a se enfrentar no debate realizado no teatro da Amrigs. O candidato do Pros reafirmou que D’Avila “traiu diversos aliados”, e convidou uma série de pessoas – não presentes ao local – a se manifestarem sobre o assunto.
Maroni também citou, junto de João Derly, um processo impetrado por Manuela contra o slogan da campanha do Republicanos. O embate rendeu um direito de resposta à candidata do PCdoB, que afirmou – sem citar nomes – estar sendo “alvo de informações e candidaturas falsas”.
Nelson Marchezan Jr. e Gustavo Paim, que venceram juntos as eleições de 2016, também trocaram acusações. O vice-prefeito afirmou que o tucano causou o desgaste das relações no Paço, culminando na exoneração de secretários. Já o postulante à reeleição disse que “demitiu incompetentes” – incluindo Paim, ex-chefe de Relações Inconstitucionais.
Marchezan teve outra discussão acalorada, desta vez com Fernanda Melchionna. Acusado de desrespeitar os servidores, o representante do PSDB afirmou que a deputada “nunca trabalhou na vida”. O embate seguiu por cerca de 30 segundos, até os candidatos serem interrompidos pela mediação, a cargo do gerente de Jornalismo, Guilherme Baumhardt.
Confira a íntegra do debate
O debate realizado pela Rádio Guaíba, Correio do Povo e Amrigs pode ser conferido, na íntegra, nas redes sociais da emissora.