Polícia prende criminosos que transformaram condomínio de Viamão em ponto de tráfico

O medo dos demais moradores fez com que eles permanecessem em silêncio após as invasões

Foto: Polícia Civil/Divulgação

Pelo menos 17 pessoas foram presas ao longo dos desdobramentos da Operação Quimera, realizada pela Polícia Civil em Viamão. A força-tarefa pretende desarticular quatro organizações criminosas que usavam residências populares, localizadas no bairro Vila Formosa, como pontos de venda de entorpecentes.

Segundo as investigações, os traficantes invadiram cerca de 40 apartamentos e expulsaram os proprietários sob emprego de violência e ameaças. “A operação é apenas o início dos trabalhos, que já duram mais de seis meses. Nós temos 32 alvos, então, esses resultados são apenas parciais”, afirma o delegado Julio Fernandes Neto, da 2ª DP de Viamão.

Dentre os investigados, quatro são menores de idade. Eles foram apreendidos. Outros 13, que não tiveram a identidade revelada, foram presos de forma preventiva. Ao todo, 60 ordens judiciais foram expedidas – sendo 27 de prisão e 33 de busca e apreensão. Cerca de 180 agentes participaram da força-tarefa.

“O regime de terror imposto à população era muito além do que a prática policial nos mostra, usualmente. Se trata da conjunção de quatro facções, com comandos em presídios, com origens diferentes. Quatro organizações criminosas que uniram os seus recursos para oprimir uma população carente”, ressalta o delegado.

Acordo de paz

Os criminosos teriam firmado um acordo para evitar chamar a atenção das autoridades com a prática de crimes mais violentos, como homicídios. A divisão do condomínio previa espaços para que as quadrilhas armazenassem drogas e armas de grosso calibre. O medo dos demais moradores fez com que eles permanecessem em silêncio após as invasões.

O local tem capacidade de receber 240 famílias, e foi inaugurado no ano passado. O Governo Federal investiu cerca de R$ 50 milhões nas moradias a partir do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC). A maior parte dos apartamentos era financiada a partir do programa “Minha Casa, Minha Vida”, também administrado pela União.

Os “gerentes do tráfico”, como eram chamados os líderes das facções, atuavam diretamente no local.