Um dia após o Ibama determinar que todos os agentes de combate a incêndios do órgão ambiental em campo no país voltem para as bases, alegando falta de recursos, o número de focos de fogo na Amazônia registrados neste ano superou todas as ocorrências dos 12 meses de 2019.
Apesar de ainda faltarem 70 dias para o ano terminar, o bioma já sofreu, entre 1º de janeiro e esta quinta-feira, com 89.604 focos, ante 89.176 observados no ano passado, de acordo com registros do Programa Queimadas, do Inpe, citados pelo jornal O Estado de S.Paulo.
Nos 22 dias de outubro, o total de pontos de incêndio, de 13.574, já é 73% superior ao observado nos 31 dias deste mesmo mês no ano passado. É também a maior taxa para outubro desde 2017.
As queimadas vêm avançando pela floresta, assim como pelo Pantanal, já há alguns meses. Em setembro, a Amazônia já tinha tido 60% mais focos que no mesmo mês de 2019, fechando como o segundo pior setembro da década.
No Pantanal, o total de queimadas neste ano já é mais que o dobro do observado em todo o ano passado no bioma, de longe o pior cenário desde o início dos registros, em 1998. E o Cerrado também começou a queimar mais agora em outubro, já superando em 52% os focos dos 31 dias de outubro de 2019.
Conforme o Estadão noticiou, a ordem para a retirada dos fiscais partiu da Diretoria de Proteção Ambiental do Ibama, que opera o Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais. Cerca de 1,4 mil agentes do órgão permaneciam mobilizados contra os incêndios em todo o Brasil.
Na quarta, ao mesmo tempo em que os fiscais do Ibama eram retirados do serviço, apesar de ver as regiões ainda em chamas, o presidente Jair Bolsonaro voltou a negar o problema. “A Amazônia é nossa e não pega fogo”, afirmou durante evento em Campinas que marcou o início das pesquisas científicas do acelerador de partículas Sirius, um dos mais importantes projetos científicos do País.