Decreto que permite retomada do setor de eventos ainda é “tímido”, dizem produtores

Decretou que libera cinema, teatros e casas de shows, com restrições, despertou otimismo e prudência

Foto: Ricardo Giusti/CP

A decisão da Prefeitura de Porto Alegre de permitir o funcionamento de cinemas, teatros, auditórios, casas de espetáculos, casas de shows, circos e similares com equipes reduzidas e restrição ao número de espectadores simultâneo é considerada o primeiro passo para a retomada das atividades. Ainda assim, empresários e representantes da classe artística receberam a notícia com misto de prudência e otimismo.

Eventos corporativos, como reuniões, conferências, congressos, entre outros, voltaram a ser permitidos, desde que obedeçam limite máximo de 250 participantes exclusivamente sentados, entre outras medidas de precaução. Proprietário da Duetto Eventos, Roberto Rimoli lembra que a decisão da prefeitura já era aguardada e aponta para o começo da retomada. Mas observa que a medida ‘nem de longe é o que a gente precisa’.

Acostumada a produzir eventos corporativos e promocionais, a empresa ainda avalia como voltar a operar diante de limitações de público e aumento dos custos para cumprir o protocolo sanitário. Ele aponta ainda dificuldade para conseguir clientes dispostos a investir recursos em eventos com pouca gente. “As empresas pequenas estão conseguindo fazer alguma coisas, o que representa um refresco de alguma fatia do setor. Nós estamos nos preparando para o ano que vem”, completa.

Além de acompanhar as próximas decisões dos governos municipal e estadual, Rimoli destaca que o setor já está habituado a produzir eventos com base em protocolos de segurança.

Sócio da Opinião Produtora e um dos líderes do movimento Live Marketing RS, Rodrigo Machado reforça o sentimento de prudência e otimismo com a decisão. Embora avalie o novo decreto como um ‘primeiro passo tímido’, ele garante que a ideia é solicitar protocolo específico para casas de shows como o auditório Araújo Vianna, administrado pela produtora.

Abertura inviável

Conforme Machado, a abertura do local com apenas 30% da capacidade se torna inviável frente aos custos que isso representa. “É como se tirassem 70% de receita. Com 30%, o Araújo continua do jeito que está”, argumenta, destacando que outras casas de shows, com custos menores, podem abrir com limite de 250 pessoas. Se a prefeitura permitir a realização de eventos no local com limite de 50% – equivalente a 1,5 mil pessoas – a ideia é retomar as atividades em 16 de novembro. “Algumas produtoras vão ter que certificar os locais em que vão fazer shows, como se fosse ‘alvará provisório pandêmico'”, assinala.

O Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) também sentiu os efeitos da pandemia do novo coronavírus. Vice-presidente administrativo e financeiro do MTG e adido cultural do RS, César Oliveira alerta que tudo ainda ‘é muito novo’ no que se refere à Covid-19. Ele observa que apesar da liberação para diversos segmentos, as peculiaridades de cada local e o público devem ser levados em conta na hora de definir pela reabertura. “Ainda é tudo muito recente, precisa ser estudado… Como músico, não exigir que os eventos voltem ao normal. Se meu filho não pode ir para a escola, como posso pedir evento?”, questiona.