Em visita ao RS, Salles lança edital de concessão de parques nacionais à iniciativa privada

Juntas, as unidades de conservação Aparados da Serra e Serra Geral tem 30,4 mil hectares

Foto: Helder Ramos / Especial CP

Os editais de concessão dos parques nacionais dos Aparados da Serra e Serra Geral, que ficam na divisa entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, poderão ser consultados a partir desta quinta-feira (15). A novidade foi anunciada hoje pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que está na região para dar início à troca de gestão nas áreas.

O pregão envolvendo as unidades de conservação – que, juntas, tem área de 30,4 mil hectares – é o primeiro em um novo modelo de concessões. Segundo a União, o processo tem características diferentes de uma privatização, já que não há previsão de transferência da propriedade.

O contrato, com duração de 30 anos, prevê investimento na ordem de R$ 40 milhões em infraestrutura até 2024. Salles acredita que o vencedor do edital seja definido até o fim do ano. “É um local que pode ser considerado um tesouro. Nós esperamos que nosso presente de Natal seja o resultado da concessão”, afirma.

Ainda de acordo com o ministro, a novidade vai fortalecer a política ambiental brasileira em paralelo com a promoção do ecoturismo. A previsão é de que o monitoramento ambiental, o manejo de espécies e a integração com o entorno dos parques fiquem sob a responsabilidade dos investidores.

Otimismo

As pessoas que trabalham com o turismo na região dos Aparados da Serra estão otimistas com a novidade. Em entrevista ao programa Direto ao Ponto, da Rádio Guaíba, a presidente da Associação dos Empreendedores Turísticos de Cambará do Sul (Aeturcs), Kelly Fonseca, classificou o momento como um “divisor de águas”.

“Temos expectativas quanto à pavimentação da ERS-427, que liga Cambará do Sul às unidades de conservação. Dentro dos parques, vamos ganhar com uma infraestrutura melhores, banheiros mais adequados e a implantação de restaurantes”, afirma a representante.

Ainda conforme Kelly Fonseca, a negociação também é vista com bons olhos a partir da perspectiva ambiental. “O ICMBio vai poder focar na preservação. A parte do público, que ocupava muito a equipe local, vai ser organizada pela concessionária – de forma profissional”, pondera.

Mais concessões

Anunciada em abril de 2019, a concessão dos parques nacionais em território gaúcho deve se estender ao longo dos próximos meses. À época, o presidente Jair Bolsonaro chegou a citar a Floresta Nacional de Canela, que tem área de 405 hectares, como um dos alvos da troca de gestão.

A área é considerada uma unidade de conservação de uso sustentável. Além de contar com uma zona de preservação da Mata Atlântica, o local atua com plantio e exploração de araucária desde 1948. A floresta também cumpre um importante papel na área de educação ambiental da Serra.