Pisa: escolas que apostam em autonomia têm melhor desempenho

OCDE apresenta o relatório 'Políticas Eficazes, Escolas de Sucesso' que analisa as políticas e práticas usadas nos sistemas educacionais de 79 países

Foto: Marcos Santos / USP Imagens / CP Memória

Com base nos dados do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) de 2018, a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) elaborou o relatório Políticas Eficazes, Escolas de Sucesso, que analisa como as escolas mudaram nas últimas décadas e como a gestão impacta no desempenho e equidade.

O relatório traz uma análise das políticas e práticas usadas nos sistemas educacionais dos 79 países que participaram do Pisa 2018. Examina como as políticas e práticas relacionadas a organização dos alunos, recursos investidos em a educação, a governança dos sistemas educacionais e as avaliações estão associadas ao desempenho.

Os resultados do Pisa 2018 destacam a desigualdade ​​entre escolas favorecidas e desfavorecidas principalmente em relação a falta de pessoal e recursos materiais, incluindo recursos digitais.

A OCDE destaca é que fundamental garantir que todos os estudantes tenham acesso a escolas com estruturas adequadas, com alta qualidade de recursos materiais e o apoio. “Para que os alunos de todas as origens tenham oportunidades iguais de aprender e ter sucesso na escola.”

Nos países com melhor desempenho no Pisa e maior igualdade na educação
oferecem uma combinação de escola com mais autonomia e que dão mais suporte aos professores o que resulta em um ensino mais eficaz e o aprendizado melhor.

Nesses países, algumas práticas merecem destaque como dar um retorno por escrito para os alunos ou fazer consultas regulares sobre melhoria escolar pelo menos a cada seis meses.

O desempenho também está associado a uma política nacional que padroniza o currículo escolar, materiais didáticos e treinamento de pessoal.

Análise

No que diz respeito a desigualdade, entre os pontos destacados pelo relatório, um estudante de 15 anos que vive em situação de pobreza terá três vezes mais chances de reprovar uma série que um estudante mais favorecido. Mesmo que esses dois estudantes tenham o mesmo desempenho no teste de leitura do Pisa.

Os países com um número menor de alunos repetentes apresentaram desempenho médio de leitura mais alto e maior equidade.

Em média, nos países da OCDE, 6% dos estudantes não frequentaram ou frequentaram apenas um ano a educação infantil. Segundo a análise, aos 15 anos, esses alunos tiveram uma pontuação inferior em leitura que aqueles que frequentaram entre um e três anos a escola.

De acordo com o relatório, 27% dos alunos estavam matriculados em escolas que sofrem com a falta de professores e 33% a aprendizagem é prejudicada por falta de pessoal de apoio.

Depois de contabilizar o perfil socioeconômico dos alunos e escolas, em 17 países, a conclusão é que nas escolas com mais escassez de pessoal, a pontuação foi inferior. Em contrapartida, escolas com mais recursos tiveram uma pontuação melhor em leitura.

54% dos alunos tiveram acesso a uma plataforma de aprendizagem online. Nas escolas mais favorecidas, o número chega 59% e nas menos favorecidas a 49%.

Nos países em que houve um melhor desempenho dos alunos na leitura, havia uma diferença menor entre material e recursos entre escolas favorecidas e desfavorecidas.

O desempenho em leitura foi associado a cada hora adicional de aulas de língua até 3 horas por semana. No entanto, a associação positiva entre o tempo de aprendizagem nas aulas e o desempenho na leitura cai entre os alunos que passaram mais de três horas por semana nessas aulas.

Igualdade

Os países conseguem mais igualdade na educação quando: usam as avaliações dos alunos para informar os pais sobre o progresso de seu filho; usar as avaliações dos alunos para identificar aspectos da instrução ou do currículo que poderiam ser
melhorado; usaam especificações escritas para o desempenho do aluno por iniciativa da escola; buscar feedback dos alunos; e têm consultas regulares sobre melhoria escolar pelo menos a cada seis meses, com base nas políticas distritais ou nacionais.