As dúvidas em torno de como o governo vai financiar o Renda Cidadã, programa social que pretende substituir o auxílio emergencial e o Bolsa Família, fizeram o dólar bater o nível de R$ 5,60 e fechar no maior valor em quatro meses. A bolsa de valores despencou e fechou no menor nível em três meses.
O dólar comercial encerrou a segunda-feira vendido a R$ 5,635, com alta de R$ 0,079 (+1,42%). Foi a maior cotação de fechamento desde 20 de maio, quando a moeda norte-americana havia encerrado em R$ 5,69.
A divisa começou o dia em queda, mas inverteu o movimento após o anúncio de que o governo pretende usar recursos de precatórios e do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) para custear o Renda Cidadã.
Na máxima do dia, por volta das 13h30min, o dólar chegou a encostar em R$ 5,68. O Banco Central interveio com venda de US$ 877 milhões à vista das reservas internacionais, o primeiro leilão do tipo desde 21 de agosto.
Ações
No mercado de ações, o dia também se manteve tenso. O índice Ibovespa, da B3 (a bolsa de valores brasileira), iniciou o dia em alta, chegando a subir 1,3% com a expectativa de que a segunda parte da proposta do governo sobre a reforma tributária seja enviada ao Congresso nesta semana. No entanto, o anúncio das fontes de financiamento do Renda Cidadã derrubou o indicador, que fechou aos 94.666 pontos, em baixa de 2,41%.
Depois da sessão de hoje, o Ibovespa caiu ao menor nível desde 26 de junho. A tensão entre os investidores decorreu da utilização de precatórios (dívidas reconhecidas após decisão definitiva da Justiça) e do Fundeb para financiar o futuro programa social.
Entenda
No caso do Fundeb, o governo encontrou uma brecha legal para violar o teto federal de gastos, que não atinge as transferências para o fundo. No caso dos precatórios, a ideia é postergar débitos ordenados pela Justiça para financiar o programa permanente.