Rodoviários questionam acordo que dispensa reposição de cobradores em Porto Alegre

Associação dos Transportadores de Passageiros classifica solução como a ‘melhor possível’

Foto: Samuel Maciel / CP Memória

O acordo da Prefeitura de Porto Alegre com as empresas que operam as linhas de ônibus da cidade, que prevê o repasse de R$ 39,4 milhões ao setor para compensar os efeitos da pandemia, foi recebido com ressalvas pelos trabalhadores. A categoria, que negociava o reajuste salarial quando a crise chegou à cidade, ficou sem aumento esse ano.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte de Porto Alegre (Stetpoa), Sandro Abade, disse nesta sexta-feira (25) em entrevista ao programa Direto ao Ponto, da Rádio Guaíba, que não há clima para retomar as conversas. “Ainda creio em um acordo coletivo mais à frente, repondo as conquistas perdidas com a crise”, pontua.

Por outro lado, os profissionais questionam o trecho do acordo que retira a necessidade de contratação e reposição dos cobradores que atuam nos veículos. “O motorista não tem condições de cuidar do coletivo sozinho. O cobrador é fundamental, tanto para a cobrança quanto para o embarque de deficientes físicos”, afirmou Abade.

Na visão do Sindicato, uma mudança desse tipo precisaria ser aprovada pela Câmara de Vereadores antes de ser colocada em prática. A categoria – que diz não ter sido consultada sobre a medida, que tem validade de um ano – pretende voltar a conversar sobre o tema antes de levar à frente o posicionamento.

Empresas comemoram ‘melhor acordo possível’

Para os empresários, a manutenção do formato de contratação de cobradores é inviabilizada pela demanda. Segundo o engenheiro de Transportes da Associação dos Transportadores de Passageiros (ATP) de Porto Alegre, Antônio Augusto Lovatto, o sistema atende, em média, 41% menos passageiros do que no período pré-pandemia.

“Essa hipótese não tem espaço para ser desenvolvida até por causa do excesso de profissionais que temos”, declarou. Ainda de acordo com a ATP, os recursos disponibilizados pela Prefeitura vão chegar aos cofres das empresas em cinco parcelas. A primeira delas vai ser paga uma semana depois da assinatura do contrato.

“Não chegamos no melhor acordo, mas chegamos a um acordo possível devido ao momento em que a sociedade vive”, comemora Lovatto. O gestor também ressaltou a eficácia dos protocolos de segurança implementados no transporte coletivo da Capital, desenvolvidos entre os meses de abril e junho.