Covid-19: comércio e serviços pedem mais flexibilizações à prefeitura de Porto Alegre

Entre as propostas está ampliação do horário e abertura aos domingos de bares e restaurantes

Foto: Alina Souza/CP

Os setores de comércio e serviços, impactados pela pandemia, apresentaram nesta quinta-feira, em videoconferência com a equipe técnica da prefeitura, novas demandas de flexibilizações. Os bares e restaurantes desejam abrir também aos domingos e estender o horário de funcionamento até a meia-noite, de segunda-feira a sábado. Já o comércio pleiteia a reabertura dos cinemas, avaliando que o segmento pode colaborar para alavancar as vendas.

As propostas apresentadas serão analisadas pelo Comitê de Enfrentamento ao Coronavírus. A administração municipal informou, no entanto, que a prioridade no momento é estabelecer os protocolos para construir o modelo de retomada das atividades educacionais em Porto Alegre, incluindo aulas da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Estima-se que o setor de Ensino na Capital movimente cerca de 400 mil porto-alegrenses.

“Nossa escolha neste momento é a educação, que já perdeu muito. Não há mais motivos para não reabrirmos paulatinamente as atividades de ensino. Precisamos recuperar uma parte desse prejuízo. Portanto, é importante fazer escolhas olhando para a frente e avançando dentro de uma estrutura de segurança para evitar que, no final do ano, tenhamos que retroceder e ampliar as restrições”, salientou o prefeito Nelson Marchezan Jr..

Reivindicações

A presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Rio Grande do Sul (Abrasel-RS), Maria Fernanda Tartoni, ressaltou que o faturamento do setor corresponde hoje a 30% dos valores contabilizados antes da pandemia, destacando que a ampliação em uma hora do horário de funcionamento e a abertura aos domingos podem ser fundamentais para amenizar a perda.

O presidente da Associação dos Comerciantes da Cidade Baixa (ACCB), Moacir Biasibetti, divide a mesma opinião. Segundo ele, o domingo é o principal dia de faturamento de bares e restaurantes. “O domingo corresponde a três dias de vendas na semana. Com o uso da luva, aumentou em 50% a procura por bufês, mas ainda não chegamos ao ponto de equilíbrio”, observou.

Ele ainda lamentou que alguns estabelecimentos da Cidade Baixa tenham se transformado em “take away” de bebidas alcoólicas, promovendo aglomerações. “Estamos empenhados em evitar que isso aconteça, mas infelizmente aconteceu nos dois últimos finais de semana. É preciso que adquiram as bebidas e as levem para consumir em casa”, advertiu.

Segurança e retrocesso 

Já o presidente do Sindicato da Hotelaria e Gastronomia de Porto Alegre e Região Metropolitana, Henry Chmelnitsky, ressaltou que não podem ocorrer retrocessos, destacando que os proprietários dos estabelecimentos devem cumprir os protocolos à risca. “Medidas de curto prazo, na base da emoção, podem nos custar o final do ano. Aumentar a quantidade de horas vai gerar mais vendas ou vai nos aumentar a distância para o ponto de equilíbrio? Queremos avançar com segurança”, enfatizou.

O presidente do Sindilojas Porto Alegre, Paulo Kruse, ressaltou que o movimento ainda não voltou à normalidade. Por conta disso, sugere que o comércio de rua funcione até as 18h e os shopping centers até as 22h, principalmente no período que anteceder o Dia das Crianças.

Cinemas

A dirigente da Abrasel reivindicou, também, a reabertura dos cinemas, sob o entendimento de que pode incrementar o movimento de restaurantes em shopping centers. “Estamos empenhados para evitar aglomerações e não concordamos com situações isoladas que estão acontecendo. A população precisa nos ajudar. Não podemos prejudicar uma classe inteira por situações individuais. Estamos comprometidos para conquistar novos avanços, tudo dentro do seu tempo”, afirmou.

O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre, Irio Piva, disse que os setores devem se empenhar para que não ocorra retrocesso. “Precisamos valorizar o que já avançamos. O momento é de organizar as atividades, em vez de priorizar a ampliação de horários”, argumentou.

Ele ainda avaliou que os shoppings seguem com faturamento baixo e que a retomada dos cinemas, fechados desde março, pode representar um fôlego para o varejo, nesses locais, com aumento de circulação de pessoas.

O prefeito revelou que deve se reunir com representantes de shopping centers e supermercados em separado. Mas adiantou que “talvez não seja o melhor momento” para reabrir os cinemas, justamente por serem ambientes fechados e climatizados, o que facilita o contágio.

“Igualmente não é uma hora a mais de funcionamento e a abertura aos domingos que vai solucionar todos os problemas”, assinalou.

Ao término do encontro, Chmelnitsky pregou a união das entidades e sugeriu a realização de uma campanha, com ênfase para os protocolos de segurança, “a fim de estancar o medo” e valorizar os empreendimentos que seguem protocolos adequados de proteção dos clientes. “A população precisa circular com segurança. Vai ser difícil retomarmos os negócios sem nos comunicarmos bem com nossos clientes”.

Números

O secretário municipal da Saúde, Pablo Stürmer, observou que a ocupação de leitos de UTI por pacientes confirmados para Covid-19 está em 34,77%, com números semelhantes aos registrados em julho. “A média de distanciamento social está em 35,3%. Antes da pandemia, era de 28%. O maior isolamento atingiu 61%, na segunda quinzena de março”, revelou.

Segundo ele, os coletivos vêm transportando, atualmente, uma média diária de 330 mil passageiros – volume bem superior ao registrado em 24 de março: 165,6 mil. Lembrou ainda que, no momento, a capital recebe 55 mil veículos por dia, mais do que o dobro do movimento registrado no início da pandemia.