Assembleia do Rio aprova abertura do processo de impeachment de Witzel

Governador afastado, que é investigado por corrução na área da Saúde, reclama de "linchamento moral" 

Wilson Witzel. Foto: Philippe Lima / Divulgação

A Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou, nesta quarta-feira, com 69 votos favoráveis, a abertura do processo de impeachment do governador afastado Wilson Witzel.

Durante a sessão, se pronunciaram 31 deputados de 14 partidos e o governador afastado teve 60 minutos para apresentar a defesa. Por videoconferência, Witzel disse que não teve o direito de defesa garantido na ação, relembrou a trajetória na magistratura e avaliou que os deputados vêm usando o processo como “palanque eleitoral”.

Agora, o caso segue para o tribunal misto, composto de cinco deputados e cinco desembargadores do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ). A decisão vai ser publicada em Diário Oficial desta quinta-feira. Na sexta, os partidos serão convocados para indicar os cinco deputados ao tribunal misto. Em seguida, a Corte ganha até 120 dias para concluir se houve ou não crime de responsabilidade.

Na semana passada, o Ministério Público Federal (MPF) apresentou uma nova denúncia contra o governador afastado, desta vez por organização criminosa.

Além de Witzel, outras dez pessoas também foram denunciadas, entre elas, a primeira-dama Helena Witzel, e o presidente do PSC, Pastor Everaldo.

De acordo com a subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo, Wilson Witzel e o grupo atuaram da mesma forma que organizações criminosas que agiram no estado nos dois governos anteriores.

Os procuradores da República querem que os denunciados devolvam aos cofres públicos R$ 100 milhões. Witzel é investigado por corrução na área da Saúde durante em contratos com Organizações Sociais e hospitais de campanha em meio à pandemia de coronavírus.

Governador afastado reclama de linchamento moral

Ao se defender, Witzel afirmou, nesta quarta-feira, que não teve o direito de defesa garantido na ação de impeachment. “Até agora o que tem acontecido é algo absolutamente injusto. Não tive o direito de falar nem na assembleia, nem nos tribunais. Estou sendo linchado moralmente. Linchado politicamente, sem direito de defesa”, afirmou ele, afastado por 180 dias por determinação do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

“Eu fui afastado sem direito de falar, sem que a minha defesa pudesse se pronunciar”, acrescentou. Para o governador afastado, muitos deputados vêm usando o processo com interesse eleitoral. “Muitos já anteciparam seus votos porque fizeram desse plenário não uma tribuna de julgamento, mas um palanque eleitoral”, esbravejou.

“Minha mãe e meu pai choram pelo que está acontecendo comigo”, disse ao pedir que os parlamentares olhem para o histórico de juiz “sem casos de corrupção’. “Aceitei ser governador do Rio de Janeiro para mudar a política, não para que a política me mudasse”, declarou.

Witzel ainda se disse condenado antes de ser ouvido. “Essa casa tomou essa investigação como um processo de denúncia. Guardo essa mágoa. Se prevalecer esse entendimento, não teremos outros políticos terminando seus mandatos em todo o Brasil”, destacou o governador, que completou: “Eu sou a primeira vítima.”

“Foram duas buscas e apreensões midiáticas e políticas nas quais absolutamente nada foi encontrado. E não vão encontrar. Eu não tenho milhões. Minha casa no Grajaú é meu único patrimônio”, finalizou.