Butantan relata condições de oferecer até 100 milhões de doses de vacina chinesa

Afirmação é do diretor do instituto, Dimas Covas, que participa do desenvolvimento da vacina criada pela Sinovac Biotech

Foto: Ricardo Giusti/CP

O presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou nesta quarta-feira que pode disponibilizar, até maio de 2021, 100 milhões de doses da vacina contra o coronavírus desenvolvida em parceria com a chinesa Sinovac Biotech. De acordo com Covas, em dezembro, o Butantan vai dispor de 46 milhões de doses para o Ministério da Saúde.

Ele admitiu que a quantidade não é a suficiente, já que cada pessoa recebe duas doses. Mas afirmou que há capacidade de produção. “Temos condições de fornecer, até maio do ano que vem, se houver manifestação nesse sentido, até 100 milhões de doses.”

O instituto, ligado ao governo de São Paulo, é o responsável pela terceira fase de testes da vacina, em 12 centros de pesquisa em todo o país. O governo paulista pediu ao Ministério da Saúde a liberação de R$ 1,9 bilhão para a produção da dose. As conversas entre estado e governo federal prosseguem para viabilizar o recurso.

A expectativa é que os primeiros resultados comecem a ser analisados a partir de 15 de outubro, segundo Covas. “Um organismo internacional que controla o estudo, ele que vê os dados dos voluntários e vai lá concluir se há ou não demonstração da eficácia”, explica.

Idosos

Na avaliação de Dimas Covas, houve um equívoco da imprensa ao divulgar que a vacina chinesa, em idosos, era menos eficaz. “Saiu uma notícia esses dias na mídia dizendo que a a vacina não protegia os idosos. Na realidade, a leitura foi feita de uma forma diferente dos dados. A notícia é muito boa. Os dados que nós oferecemos para a Anvisa mostraram que a vacina teve uma boa resposta imunológica nos idosos.”

Os testes, segundo ele, demonstraram que, em 98% dos voluntários, a vacina em dose intermediária criou anticorpos neutralizantes.

Suspensos estudos da vacina de Oxford

O diretor do Butantan também comentou a suspensão dos estudos da vacina desenvolvida pela AstraZeneca e pela Universidade de Oxford, também realizados no Brasil. A farmacêutica decidiu pausar os ensaios, ontem, após um participante apresentar uma doença desconhecida.

“A AstraZeneca tinha compromissado com vários países do mundo mais de 1 bilhão de doses. Então, boa parte da esperança de início da vacinação no próximo ano está depositada na vacina da AstraZeneca, inclusive aqui no Brasil, que anunciou 100 milhões de doses”, afirmou Covas.

Ele disse que não há como prever o impacto, mas garantiu que isto em nada afeta o cronograma dos estudos da vacina chinesa. Não houve relatos de qualquer efeito adverso na dose estudada pelo Butantan até o momento.