Um desafio do proprietário rural nos dias de hoje está relacionado à manutenção do patrimônio e da atividade agropecuária. Mais do que os bens adquiridos durante a vida, muitos patriarcas se perguntam se conseguiram despertar nos filhos e netos o interesse pela terra e pelo trabalho no campo. É a diferença entre sucessores e herdeiros, enquanto para herdar basta o vínculo sanguíneo ou legal, para suceder em uma atividade são necessários envolvimento e profissionalismo.
Segundo especialistas, ao definir em vida o processo patrimonial e sucessório, o produtor rural não só assegura economia tributária mas, principalmente, previne conflitos e capacita os sucessores para a continuação da atividade. “Um planejamento adequado pode assegurar a perenidade do patrimônio e fortalecer a união familiar. E ainda vai auxiliar no processo de tomada de decisões e na reestruturação empresarial, remodelando e organizando negócios”, explica a advogada Odara Weinmann. “É preciso considerar todos esses aspectos, somado a uma análise gerencial de todos os riscos atrelados à atividade”, completa a profissional, que é sócia do Advagro, escritório de advocacia com foco no direito rural e agronegócio que reúne vários profissionais da área e tem atuação em todo o Brasil.
No planejamento, deve-se dispensar atenção especial a temas como produção, economia, finanças, comercialização, jurídico, recursos humanos e meio ambiente. “Para viabilizar o planejamento e operacionalizá-lo de forma eficiente, é fundamental, por exemplo, que se mantenha na propriedade um sistema de registro de dados. Essas informações podem, entre outras coisas, verificar se as ações previstas foram executadas de forma adequada e, se for preciso, realizar as correções no tempo oportuno. Nós desenvolvemos esse sistema artesanalmente para cada empresa”, detalha a advogada.
Atualmente, a administração eficaz de uma empresa do agronegócio passa pelo processo de profissionalização. O auxílio no planejamento, alinhando objetivos com valores pessoais, pode ser aplicado a pequenas, médias e grandes propriedades. Conforme a advogada, ao otimizar o uso dos recursos, o empresário rural vai melhorar e sustentar a produção que, ao longo do tempo, resultará em rentabilidade. “As famílias rurais precisam entender esse processo e quais os benefícios. Nós mapeamos a legislação que incide em cada caso, com uma gestão de riscos eficiente. A tomada de decisão está nas mãos da família, mas o trabalho é nosso”, finaliza Odara.