Coronavírus já infectou mais de 140 em escolas estaduais, calcula CPERS

Sindicato que representa os professores da rede estadual, o CPERS estima que o número de contagiados pela Covid-19 possa ser ainda amaior

Ato contra o calendário estadual de retomada das aulas ocorreu em frente ao Palácio Piratini, na Praça da Matriz, em agosto | Foto: Divulgação/CPERS
Ato contra o calendário estadual de retomada das aulas ocorreu em frente ao Palácio Piratini, na Praça da Matriz, em agosto | Foto: Divulgação/CPERS

O sindicato que representa os professores da rede estadual do Rio Grande do Sul fez um levantamento sobre a situação da Covid-19 nas escolas. Segundo o CPERS, 142 profissionais já tiveram a doença em 76 municípios gaúchos. Esses dados foram coletados em entrevistas com educadores e funcionários. Foram ouvidos servidores de 872 das pouco mais de 2,3 mil instituições do estado – número equivalente a 37,2%.

A pesquisa foi feita com apoio do Departamento Intersindical Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Na avaliação do CPERS, há o temor de que o número de casos possa ser ainda maior. A vice-presidente da entidade, Solange Carvalho, ressalta que o número é referente apenas aos contágios em plantões. “Se com esse número de pessoas a gente já tem esse percentual, com certeza a volta às aulas vai fazer esse percentual aumentar muito”, afirmou.

Na maioria dos registros, a pessoa diagnosticada com a Covid-19 foi afastada do trabalho. Mas os educadores reclamam que o governo não providenciou a higienização dos ambientes. Na metade dos casos, o regime de trabalho não foi alterado, permanecendo com o plantão presencial. O atendimento nesse modelo funciona em quatro a cada dez escolas. Entre as instituições com regime de plantão, sete a cada dez não fornecem máscaras para os professores que vão ao local de trabalho.

CPERS e o retorno às aulas

O CPERS também comentou a proposta de retorno às aulas sugerida pelo Governo do Estado. A vice-presidente Solange Carvalho observou o risco da retomada gradual das atividades presenciais. “As crianças são assintomáticas, mas elas podem ser transmissoras. Os professores e funcionários que vão atendê-las podem ser contaminados”, ponderou. “As crianças, no transporte, no percurso, vão voltar para casa e contaminar também seus familiares. Então a gente entende que é precipitado colocar isso”, completou a dirigente.

Em agosto, outra pesquisa da entidade mostrou que 86% dos educadores não concordam com a retomada das atividades presenciais sem uma vacina contra a Covid-19. Uma manifestação chegou a ser feita em frente ao Palácio Piratini, reunindo professores das redes pública e privada.