De braços cruzados, rodoviários da Restinga Transportes Coletivos (Tinga) decidiram paralisar as atividades, no fim da tarde desta quinta-feira. Dezenas de funcionários postaram-se em frente aos veículos da frota que atende ao bairro da zona Sul de Porto Alegre, no terminal localizado na rua Coronel Massot. O ato reagia à demissão de um motorista, delegado sindical, na manhã de hoje. Os trabalhadores pretendem repetir a manifestação a partir das 4h de sexta-feira, com o acréscimo de profissionais da empresa Trevo.
O funcionário demitido é Rodrigo Almeida, mais conhecido como Digão. A empresa dispensou o motorista, por justa causa, após ele ter tido suspensa a Carteira Nacional de Habilitação (CNH). O condutor alega que não sabia do fato, ocorrido ainda em 2019, e seguia trabalhando normalmente até essa quarta-feira.
“Nunca ninguém foi demitido por isso. Se a CNH é bloqueada, o funcionário é repassado a outro setor até a regularização”, conta. “É uma perseguição pelo fato de eu ser delegado sindical da categoria e fazer reivindicações”.
Cerca de 30 itinerários de dez linhas ficaram comprometidos por conta da paralisação. “Amanhã (sexta-feira), voltaremos aqui, para impedir os ônibus de saírem. É uma greve de quem trabalha nas linhas da Restinga”, garantiu.
Entre as reivindicações lideradas por Digão, o alegado descumprimento por parte da empresa das medidas provisórias, ainda vigentes, tomadas em virtude da pandemia. “Estamos trabalhando em 100% do horário, sem redução, mas recebendo apenas 75% do salário. Sem falar que, desde março, o vale-refeição caiu de R$ 27,50 para R$ 20”, reclama o motorista.
Contatada ao final da tarde desta quinta-feira, a Associação dos Transportadores de Passageiros de Porto Alegre (ATP) ainda não se posicionou sobre o assunto.