A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou ensaios clínicos no país com a molécula M5049 para o tratamento de pacientes com pneumonia causada pela Covid-19. O laboratório Merck vai iniciar a fase 2 de um estudo clínico, avaliando a segurança e a eficácia da medicação em parte desses pacientes. A molécula bloqueia o mecanismo que dispara a inflamação generalizada causada pela resposta exacerbada do sistema imunológico afetado pelo novo coronavírus.
A companhia vai contar com 150 voluntários nos Estados Unidos e no Brasil. A Santa Casa de Belo Horizonte, em Minas Gerais, é a primeira instituição parceira a receber aprovação para o início do estudo, mas conforme a empresa, outros centros de pesquisa podem se inscrever. Por enquanto, não há confirmação de que a substância possa ser testada em algum hospital gaúcho.
A M5049 é uma molécula que bloqueia a ativação de dois sensores imunológicos que reagem a vírus como o SARS-CoV-2, responsável pelo Covid-19. A ativação, porém, leva ao acionamento de células imunes, que quando não adequadamente controladas, podem levar à evolução para a forma grave da doença. “Ela (a molécula) vinha sendo estudada para tratar doenças autoimunes, como a lúpus”, explica o diretor médico da Merck e especialista em terapia intensiva, Luiz Magno.
A meta do estudo é investigar se a utilização da M5049 em um ponto crítico no curso da doença de Covid-19 pode impedir ou melhorar a resposta inflamatória em pacientes com pneumonia e barrar a progressão para um quadro mais grave. Além disso, o estudo visa avaliar se a utilização bem-sucedida do medicamento experimental pode reduzir as complicações com risco de vida, incluindo sintomas respiratórios graves que geralmente exigem ntervenções médicas adicionais, como ventilação mecânica. Magno ressalta que o medicamento não é para uso preventivo e nem para pacientes saudáveis ou em estágios iniciais de infecção pela Covid-19.
A princípio, a M5049 vai ser investigada em um estudo randomizado, nos EUA e no Brasil. Além do tratamento padrão, que pode incluir tratamentos antivirais, os pacientes receberão uma das duas doses de 50 miligramas do M5049 ou placebo. O objetivo é comparar a molécula ao placebo com base nos resultados do paciente. Inicialmente, a fase 2 vai envolver 15 pacientes. Dando tudo certo, outros 135 serão testados nos EUA e no Brasil. “A gente espera iniciar até o final do ano a fase 3 do estudo”. Ainda não há uma previsão de quando o medicamento pode ser lançado ao mercado.