Renda Brasil: Bolsonaro descarta mandar proposta de Guedes ao Congresso

Presidente se nega a tirar abono salarial de 12 milhões de pessoas para reforçar o programa

Foto: Marcos Corrêa / PR

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira, em Ipatinga (MG), que não vai mandar ao Congresso Nacional o projeto do ministro da Economia, Paulo Guedes, de enviar os recursos do abono salarial do Pis/Pasep para o novo programa Renda Brasil. “Não posso tirar de pobre para dar para paupérrimos”, justificou.

“O abono, para quem ganha até dois salários mínimos, representa um décimo quarto salário. Não podemos tirar isso de 12 milhões de pessoas para dar para um programa Bolsa Família ou Renda Brasil, seja lá o que for o nome desse novo programa. Ou o Brasil começa a produzir, começa realmente fazer um plano que interessa a todos nós, que é o melhor programa social que existe, o emprego, ou estamos fadados ao insucesso”, declarou.

De forma enfática, Bolsonaro falou que não pode fazer milagre e pediu a ajuda de todos os brasileiros para tirar o país da crise em que se encontra. O presidente viajou a Ipatinga para reinaugurar um dos fornos de produção de ferro guza da Usiminas. Ele estava ao lado do governador Romeu Zema (Novo).

Ao abrir o discurso, Bolsonaro afirmou que sente Minas Gerais como um segundo estado natal — apesar de ter sido eleito várias vezes no Rio de Janeiro, onde mora a família dele, Bolsonaro é natural de São Paulo. Contou também que considera a Santa Casa de Juiz de Fora como uma segunda maternidade. “Primeiramente Deus, mas também os profissionais de saúde salvaram minha vida”, disse, referindo-se ao atendimento após a facada sofrida em setembro de 2018.

Bolsonaro voltou a criticar os jornalistas: “o dia em que eu for elogiado pela imprensa pode ter certeza que o Brasil está indo mal”. E comentou se orgulhar de ter montado uma equipe de governo “basicamente pelo critério técnico”.

Pandemia e auxílio emergencial
O presidente enfatizou que errou quem quis se preocupar apenas com a saúde nesse período, deixando de lado a economia. “Lamentamos as mortes, não só essas como todas as mortes. Mas devemos enfrentar, não podemos só ficar em casa a vida toda. Tem muita gente, principalmente os informais, que não podiam ficar parados”, argumentou.

Para Bolsonaro, o Brasil se tornou um exemplo no enfrentamento dos problemas econômicos surgidos com a pandemia. “Atendendo ao maior número de pessoas que necessitavam, em especial os desassistidos, os invisíveis ou os informais, que chegam na casa de 65 milhões de pessoas. Era para durar três meses num primeiro momento, mas completamos agora em agosto cinco meses do benefício.”

E prosseguiu: “R$ 50 bilhões por mês é uma conta pesada. Sabemos que R$ 600 é pouco para muita gente que recebe, mas é muito para o país que se endivida. Temos que ter um ponto final nisso. Não podemos ‘ad eternum’ bancar 65 milhões de pessoas. Decidimos estendê-lo até dezembro, mas o valor será discutido ainda.”