Depois de quase seis meses, Ronaldinho Gaúcho e o irmão Roberto Assis foram libertados da prisão domiciliar em Assunção, no Paraguai. A Justiça acatou nesta segunda-feira o pedido do Ministério Público e entendeu, em audiência preliminar, que é necessária a “reparação de danos” ao Estado no episódio sobre falsificação de documentos e lavagem de dinheiro. Mesmo assim, não há a necessidade de os dois seguirem em regime domiciliar. Ambos devem embarcar de volta ao Brasil, ainda hoje, com destino ao Rio de Janeiro.
Apesar da decisão pela libertação prática, os dois foram condenados e tiveram a condenação suspensa pelo juiz de garantias Gustavo Amarilla Arnica. Ronaldinho fica em liberdade condicional por um ano, enquanto o irmão, por dois. Eles pagram multa de US$ 90 mil (R$ 502 mil) e US$ 110 mil (R$ 613 mil) respectivamente para a reparação dos danos sociais causados ao Paraguai. O valor total vai ser em parte destinado para instituições do sistema penitenciário.
“Roberto de Assis Moreira tinha conhecimento da alteração desses documentos. Não temos indicativos, no entanto, de que Ronaldo de Assis Moreira tinha esse conhecimento ainda que tenha se valido dele”, disse um integrante do Ministério Público do Paraguai.
Pelo perfil dos dois, “reconhecidas figuras mundiais”, as autoridades entenderam que não haja desejo em seguir com o crime. Por isso, exigiram apenas domicilio fixo no Brasil, manutenção de um número de telefone celular para fácil comunicação, controle a cada quadro meses das ações dos dois e multa.
A defesa dos irmãos concordou com o pedido do MP, mas pontuou que, apesar de haver uma troca de mensagens de celular de Roberto com Wilmondes Souza Lira, acusado de falsificar os documentos, não é possível comprovar um suposto pedido de adulteração. Ronaldinho e Roberto, ambos de camiseta preta e os braços cruzados durante boa parte do tempo, pouco se manifestaram durante a sessão.
O ex-jogador e o irmão haviam entrado no Paraguai no início de março, com documentos apontando que haviam se naturalizado cidadãos do país. Como viajaram a convite da empresária Dalia López, em princípio para a promoção de um cassino e ações em projetos sociais, a suspeita se recaiu sobre um complexo esquema de lavagem de dinheiro.
Depois de um agitado mês na Agrupación Especializada da Polícia Nacional, um presídio que, apesar de segurança máxima, permitiu algumas visitas e tietagem a Ronaldinho, o ex-jogador e o irmão passaram a cumprir prisão domiciliar em um hotel para evitar o assédio, mediante o pagamento de fiança de US$ 1,6 milhão (cerca de R$ 8,9 milhões) – desse montante, vai ser descontada a multa.
O isolamento social provocado pela pandemia do novo coronavírus também contribuiu para os dois ficarem em um hotel, com policiais à porta. A tendência agora é que os dois voltem imediatamente para o Brasil e fixem residência no Rio.