Demanda por carros de aplicativos de transporte cresce 54% nas periferias, diz pesquisa

Levantamento de empresa do setor, feita em três capitais do país, mostra que crescimento por medo de aglomerações e infecção pelo novo coronavírus

A pandemia do novo coronavírus provocou inúmeras mudanças de comportamento na população em diversas áreas, como relações pessoais, trabalho e consumo. A pesquisa “Como as Periferias se Reconectam com a Cidade“, realizada pela 99, empresa de tecnologia voltada para a mobilidade urbana, pode confirmar a chegada desse “novo normal” em um setor importante da economia: o transporte por carros de aplicativo.

O levantamento, que coletou opiniões em bairros periféricos de três capitais brasileiras (São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador) no mês de julho, revelou que 54% dos usuários de aplicativos passaram a utilizar mais o serviço para fugir das aglomerações nos transportes públicos e, consequentemente, minimizar o risco de infecção.

“Essa tendência se confirma quando olhamos o crescimento de nossas corridas em São Paulo entre o público de menor renda, que chegou a 32% de aumento em agosto, em comparação a fevereiro, no pré-pandemia”, acrescentou Pâmela Vaiano, diretora de comunicação da 99.

Em São Paulo, foram entrevistados aproximadamente 900 pessoas nos seguintes bairros: Grajaú, Campo Limpo, Capão Redondo, Rio Pequeno, Brasilândia, Vila Nova Cachoeirinha, Carrão, Vila Matilde, Cidade Tiradentes e Guaianases. Dos passageiros que transitam nas áreas pesquisadas na capital paulista, 83% moram com a família, 51% têm filhos e 59% declararam pertencer às classes C, D e E.

Ainda de acordo com o estudo, comodidade e tempo de deslocamento também influenciaram na escolha pelos aplicativos de transporte, modo de transporte desejado por 50% dos paulistanos. Além disso, 94% dos pesquisados demonstraram preocupação com a sobrevivência do comércio local.

Entretanto, apesar da nova tendência, a maioria dos deslocamentos de passageiros para o trabalho na cidade de São paulo é feita por transportes coletivos. 42% dos entrevistados responderam que usam ônibus e outros 24% trens e metrô. Os carros por aplicativos correspondem a 35% do uso.

O impacto do transporte no orçamento familiar é fundamental na escolha pelo modo de locomoção para fins profissionais na capital paulista. Entre os moradores do Grajaú (zona sul) e Brasilândia (zona norte), 47% dizem considerar o valor do trajeto na hora de decidir como irá se deslocar.

Vila Carrão e Vila Matilde, ambos na zona leste paulistana, são os bairros em que os aplicativos de transporte são mais usados para o trabalho (40%). Em seguida, está a Brasilândia (38%).

Pâmela Vaiano acredita que essa tendência de maior uso dos aplicativos se mantenha mesmo depois da retomada das atividades e com a chegada da imunização contra o vírus da covid-19. “Entendemos que a conveniência e a segurança oferecidas pelo app devem sim se consolidar entre esse público mesmo após o cenário de pandemia”.