O estudo epidemiológico que estimou soroprevalência de 3,3% para Covid-19, entre PMs gaúchos com atuação na linha de frente do combate à pandemia apontou que 2/3 dos policiais que apresentaram anticorpos, em um primeiro momento, negativaram três semanas depois, em nova amostragem. Os resultados da pesquisa, realizada pela Santa Casa em parceria com o Instituto Cultural Floresta (ICF) e a UFCSPA, revelaram a importância de aprofundar os estudos sobre o comportamento da doença.
Professor de infectologia UFCSPA e coordenador do laboratório de biologia molecular, Alessandro Pasqualotto explicou que a pesquisa, que reuniu 1.592 policiais de 10 cidades gaúchas, disse que o “achado mais impressionante” do trabalho é justamente o “desaparecimento” dos anticorpos após um período, o que, segundo ele, está de acordo com a literatura médica mais recente. “Nas pessoas que fazem anticorpos, especialmente aquelas sem sintomas, ao longo do tempo o anticorpo desaparece, o que não quer dizer que não estejam protegidas, ele pode voltar em algum momento em outra célula de defesa”, destacou.
Conforme Pasqualotto, as pessoas que apresentaram anticorpo positivo para testes pelos métodos IGA (com infecção recente) e IGG (com infecção antiga) passaram por nova amostragem três semanas depois para verificar a presença do anticorpo. “De modo geral o anticorpo caiu em título e negativou em cerca de 2/3 das pessoas que eram IGA ou IGG positivo. E nos indeterminados negativou em proporção ainda maior”, observa. “Isso é um dos grandes enigmas do novo coronavírus hoje e é por isso talvez que as vacinas tenham que vir a ser dadas, quando vierem, em uma frequência maior do que uma vez por ano”, completou.
O infectologista reforça que a maioria dos candidatos era jovem, saudável e assintomático, e utiliza equipamentos de proteção individual (EPIs) na maioria das vezes, embora tenham ficado exposto à Covid-19 durante as ações de rua.