Pesquisa inédita realizada pelo Sebrae, em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostrou os principais avanços tecnológicos na agricultura brasileira. De acordo com o estudo divulgado neste mês, 84,1% dos produtores rurais utilizam pelo menos uma tecnologia digital em seu processo produtivo. Ainda segundo a pesquisa, 67,1% dos entrevistados acreditam na necessidade cada vez maior do uso das tecnologias para o planejamento das atividades da propriedade e apenas 15,9% ainda não utilizam nenhuma tecnologia.
O levantamento contou com a participação de produtores agrícolas de todos os estados brasileiros. As perguntas foram aplicadas entre os dias 17 de abril e 2 de junho de 2020. Os resultados podem apresentar margem de erro variando em até 5% para mais ou para menos. A análise mostrou que dentre as tecnologias digitais destacam-se o uso de internet para atividades gerais ligadas à produção agrícola (70,4%); aplicativos de celular ou programas de computador para obtenção ou divulgação de informações da propriedade e produção (57,5%) e aplicativos de celular ou programas de computador para gestão da propriedade e produção (22,2%).
Há 40 anos plantando soja, o produtor rural e diretor-presidente da Sociedade Rural do Paraná (SRP), Antônio de Oliveira Sampaio, afirma que a tecnologia contribuiu muito para a evolução do plantio, colheita e distribuição dos grãos, assim como para a sustentabilidade e aumento da produtividade no campo. Ele confirma que utiliza várias ferramentas digitais e tecnológicas na propriedade, que vão desde a análise do solo por georreferenciamento, até uso de maquinário com tecnologia embarcada, como GPS, assim como biofertilizantes e aplicativos que auxiliam na gestão. “Estamos sempre buscando novidades no mercado”, garante o produtor que, pretende, em breve, fazer uso de drones com controle de satélite para tomar decisões sobre o plantio.
O consultor do Sebrae/PR, Lucas Ferreira, diz que a instituição atua em duas frentes prioritárias para auxiliar na ampliação do uso de tecnologia e inovação no campo. A primeira é levar as necessidades, gargalos e desafios dos produtores e cooperativas na forma de oportunidades para micro e pequenas empresas de base tecnológica, por meio de eventos com foco no desenvolvimento de soluções para essas demandas. E a segunda é garantir que as inovações cheguem ao mercado e às propriedades. “Para conectar essas empresas aos produtores rurais promovemos rodadas de negócios, roadshows, exposições mercadológicas e outros eventos”, conta.
Alto investimento
Outro dado revelado pela pesquisa sobre o comportamento dos produtores rurais brasileiros é a adesão às redes sociais como um dos principais meios de informação. 57,5% dos entrevistados declararam utilizar redes sociais para obter ou divulgar informações da propriedade e da produção. Contudo, os agricultores relatam que ainda possuem dificuldades para implantar ou melhorar seu processo produtivo com a agricultura digital, devido ao alto valor do investimento para a aquisição de máquinas, equipamentos ou aplicativos (67,1%); problemas ou falta de conexão em áreas rurais (47,8%); valor para a contratação de prestadores de serviços especializados (44%); falta de conhecimento sobre quais as tecnologias mais apropriadas para o uso na propriedade (40,9%).
Os produtores rurais também apontaram como se dá o acesso às tecnologias. A maioria dos entrevistados (68%) tem acesso diretamente através do uso próprio de máquinas, equipamentos e aplicativos. 31% acessam por meio de consultoria ou serviços oferecidos por associações, cooperativas, sindicatos e ONGs; 21 % por consultoria ou serviços oferecidos pelas prefeituras, governo estadual ou federal (21%). A menor parte (19%) realiza contratação de prestação de serviços ou consultorias especializadas em agricultura digital.
A maioria dos entrevistados vê com bons olhos o avanço tecnológico aplicado às atividades rurais. Entre as principais atividades às quais eles desejam aplicar as novas ferramentas, destacam-se a obtenção de informações e planejamento das atividades da propriedade (67,1%); gestão da propriedade rural (59,7%); mapeamento e planejamento do uso da terra (53,8%); detecção e controle de deficiências nutricionais (52%); compra e vendas de insumos, produtos e produção (52%).
A pesquisa também ouviu empresários e prestadores de serviços de agricultura digital. De acordo com os respondentes, destacam-se programas de computador para obtenção ou divulgação de informações relacionadas à propriedade ou à produção (62,2%); fornecimento de internet para atividades ligadas à produção (61,4%); serviços em sistemas de posicionamento global por satélite – GPS nas propriedades (40,6%); dados ou imagens gerados por sensores remotos – satélites, VANTS e drones (36,9%); e dados ou imagens sobre planta, animal, solo, água, clima, doenças ou pragas fornecidas por sensores de campo (31,3%).