Ao lado de Guedes, Maia e Alcolumbre, Bolsonaro defende pacto para manter teto de gastos

Presidente se reuniu nesta quarta-feira com presidentes do Senado e da Câmara e membros da equipe econômica

Foto: Isac Nóbrega / PR / CP

O presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta quarta-feira, que defende a manutenção do teto de gastos para que o Brasil saia da crise causada pela pandemia do novo coronavírus. “Queremos o progresso, o desenvolvimento e o bem-estar do nosso povo. Respeitamos o teto dos gastos e queremos a responsabilidade fiscal. O Brasil tem como ser um daqueles países que melhor reagirá à crise”, afirmou o presidente.

A declaração à imprensa ocorreu na área externa do Palácio da Alvorada, ao lado dos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e de ministros. Entre eles, o da Economia, Paulo Guedes, que enfrenta uma “debandada” de secretários da pasta.

“A economia está reagindo e nós resolvemos como essa reunião direcionar mais as nossas forças para o bem comum do que todos defendemos”, afirmou Bolsonaro após o encontro.

O presidente revelou ainda que temas como privatizações e outras reformas, como a administrativa, também foram debatidos na reunião entre os poderes. “Nos empenharemos para buscar soluções para destravar a economia e colocar o Brasil na posição em que ele sempre mereceu estar”, ressaltou.

Pronunciamento
Também presenciaram o pronunciamento do presidente os ministros da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, e do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho. Além deles, o líder do governo no Congresso, senador Eduardo Gomes (Solidariedade-TO), o líder do PP, Arthur Lira (AL), um dos principais nomes do “Centrão”, e o recém-anunciado líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR).

Mesmo após ter confirmado a saída da liderança do governo, o deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO) também acompanhou a declaração ao lado do presidente.

“Estado inchado”
Bolsonaro já havia destacado, pela manhã, em uma postagem em rede social que o norte do governo “continua sendo a responsabilidade fiscal e o teto de gastos”. Também afirmou que “o estado está inchado e deve se desfazer de suas empresas deficitárias”.

“Privatizar está longe de ser, simplesmente, pegar uma estatal e colocá-la numa prateleira para aquele que der mais levá-la para casa. Para agravar o STF decidiu, em 2019, que as privatizações das empresas ‘mães’ devem passar pelo crivo do Congresso”, escreveu Bolsonaro.

Sobre a saída de integrantes da equipe de Paulo Guedes no Ministério da Economia, o presidente afirmou: “Em todo o governo, pelo elevado nível de competência de seus quadros, é normal a saída de alguns para algo que melhor atenda suas justas ambições pessoais. Todos os que nos deixam, voluntariamente, vão para uma outra atividade muito melhor”.

Âncora política
A equipe econômica defende o teto de gastos como uma ferramenta importante de âncora da política econômica. A retirada da regra é considerada um caminho certo para o aumento dos juros e da desconfiança com o futuro do país.

A ofensiva ocorre em um momento em que a pressão por dribles no teto, até mesmo por parte do governo, colocou em estado de alerta os investidores do mercado financeiro.

Na Câmara e no Senado, parlamentares de diversos partidos vêm apresentando propostas para flexibilizar o teto e até mesmo estender o estado de calamidade provocado pela pandemia, que termina em dezembro, até 2021, mantendo suspensas regras como a necessidade de cumprimento da meta fiscal.