O governador Eduardo Leite (PSDB) considerou, nesta quinta-feira, que as ações de enfrentamento à pandemia em Porto Alegre podem ser impactadas negativamente, já que o prefeito Nelson Marchezan Junior (PSDB) vai ter de dividir as atenções sanitárias com o processo político que pesa contra ele na Câmara Municipal.
Além de classificar o desfecho como “muito pouco oportuno”, Leite lamentou que as energias não estejam canalizadas no combate ao coronavírus, quando o sistema de saúde da capital contabiliza centenas de pacientes internados, diagnosticados ou não pela doença.
“Entendo que sem dúvida (a abertura de impeachment) gera efeitos na condução da pandemia. É claro, dispersa-se energia e força para cuidar de um processo político, no meio de uma pandemia”, avaliou.
O governador Eduardo Leite mencionou ainda que a abertura de um pedido de impeachment está amparada pela Constituição, mas que é dever dos legisladores aprofundar os esclarecimentos sobre gastos em publicidade, como é o caso da peça contra Marchezan, acionando o Ministério Público, Tribunal de Contas ou demais órgãos fiscalizadores. O governador entende, ainda, que o Legislativo dispõe também de outras ferramentas, além de uma comissão processante para averiguar a matéria.
“No meio de uma pandemia como a que estamos vivendo, em que há de se ter um mínimo de continuidade das ações de políticas publicas em saúde, aventar-se a interrupção de um mandato de um prefeito, quando se está a cinco meses do fim de um mandato e a três meses de um processo eleitoral, parece muito pouco oportuno”, avaliou.
De forma preliminar, Leite expressou solidariedade ao prefeito. Para ele, Marchezan vai conseguir dar os esclarecimentos suficientes.
Por 31 votos a 4, a Câmara de Porto Alegre abriu caminho para abrir processo de impeachment do prefeito. O processo alega repasse supostamente excessivo de recursos da saúde, para publicidade, em meio à pandemia de coronavírus.