Governo passa a adotar dois critérios novos no modelo de bandeiras para a Covid-19

Taxa de transmissão estimada no RS é hoje de 1,3

Foto: Guilherme Almeida/CP

O governo do Rio Grande do Sul anunciou, nesta sexta-feira, mudanças nos critérios que definem a classificação das bandeiras no modelo de Distanciamento Controlado, adotado como estratégia de controle da Covid-19. As alterações, que já foram levadas em conta no mapa preliminar que classificou 12 regiões com a cor vermelha, envolvem dois itens: a contagem de pacientes em UTIs e o ponto de corte em sete indicadores.

A partir de agora, se o local de hospitalização de um paciente em UTI e a residência dele não ficarem na mesma macrorregião, o caso vai contar para a cidade de origem do doente. Com a mudança, a expectativa é corrigir distorções do modelo.

“Esta é a quarta revisão em que estamos alterando duas questões específicas. A mudança na contagem de pacientes em leitos de UTI de macrorregião, para prevalecer o critério de residência, que vinha sendo demandado por estar sendo contabilizado em outra região, diferente daquela em que o paciente contraiu o vírus”, destacou a coordenadora do Comitê de Dados, Leany Lemos.

A outra alteração é no ponto de corte das avaliações que interferem na cor da bandeira de risco. As mudanças ocorrem em três indicadores que medem a velocidade de avanço da doença, dois que envolvem a incidência (hospitalizações e óbitos) e dois de capacidade instalada (leitos livres/leitos Covid). “Era necessário ajustar para as fases mais avançadas da pandemia, como a que estamos vivendo agora”, destacou Leany.

Uma das alterações, por exemplo, se refere à velocidade de avanço considerando os novos casos da doença. Desde as primeiras semanas do Distanciamento Controlado, um aumento de 50% no número de infecções já era suficiente para levar uma região para bandeira preta. Isso porque o cálculo era sobre baixos índices, por exemplo, de 20 para 30 doentes.

Agora, para que isso aconteça, basta um incremento de 25%. “Estamos dificultando um pouco, trazendo mais calor, mais risco, justamente porque a pandemia está mais avançada”, justificou Leany Lemos.

Taxa de transmissão estimada no RS é de 1,3
Segundo dados do modelo de Distanciamento Controlado, a taxa de transmissão da Covid-19 no Rio Grande do Sul está hoje em 1,3, ou seja, cada dez infectados transmitem para 13 pessoas. De acordo com o Comitê, se o estado mantiver esta estimativa, o sistema hospitalar deve enfrentar o eventual pico da pandemia no mês de agosto.

“Se ela está em 1,3, como a gente estima que ela esteja hoje com base nas hospitalizações, o nosso sistema de saúde, devido à ampliação da capacidade de atendimento, deve ser capaz de atender a demanda esperada e ai poderemos ter o pico no mês de agosto dentro do que conseguimos suportar”, afirmou o pesquisador Pedro Zuanazzi, do Departamento de Economia e Estatística (DEE).

Zuanazzi, no entanto, ressaltou que essa taxa, apesar de ter “enorme sensibilidade” (variar rápido demais), já esteve maior no Rio Grande do Sul. Segundo ele, por isso é preciso que a população acolha as determinações do modelo para que as estabilizações observadas se mantenham: “Se ela subir para 1,7 como já esteve um tempo atrás, podemos ter dificuldades maiores e as restrições maiores do modelo podem voltar”.