O Ministério da Saúde anunciou, nesta sexta-feira, que o aplicativo do SUS dedicado ao coronavírus vai ter mais uma ferramenta para monitorar o avanço da Covid-19: o app vai alertar, pelo celular, caso o usuário tenha tido contato com pessoas que testaram positivo para a doença.
O recurso usa uma tecnologia do Google e da Apple, que anunciaram em abril um programa amplo de colaboração para que as plataformas móveis, respectivamente, Android e iOS possam “conversar” para rastrear a disseminação do vírus.
De acordo com o jornal O Estado de S.Paulo, a ferramenta para Android está disponível a partir desta sexta no Brasil e a versão iOS vai ser disponibilizada, nos próximos dias, na loja de aplicativos da Apple. A tecnologia do Google e da Apple já está sendo usada em 15 países, entre eles Alemanha, Canadá e Uruguai – o Brasil é o segundo país da América Latina a recebê-la.
Basicamente a função permite que o aplicativo Coronavírus-SUS envie alertas aos usuários que possivelmente tiveram contato com alguém infectado nas últimas horas – se você pegou um ônibus e sentou ao lado de uma pessoa infectada, por exemplo, recebe uma notificação informando sobre o contato e com orientações sobre os sintomas e sobre quando procurar um serviço de saúde. A notificação é feita em até 24 horas e considera pessoas que estiveram próximas do usuário nos últimos 14 dias, período de incubação do vírus.
Para um smartphone perceber a presença do outro – e assim saber se houve contato com alguém infectado – a ferramenta usa a tecnologia Bluetooth, que é voltada principalmente à comunicação sem fio em curta distância. A tecnologia não identifica a localização exata, mas consegue medir aproximadamente a faixa de distância entre um celular e outro. O app do Ministério da Saúde vai reconhecer especificamente contatos próximos a uma distância de 1,5 a 2 metros e por um tempo mínimo de cinco minutos.
Essa identificação só é feita entre smartphones que possuam o aplicativo instalado. Para receber os alertas, também é preciso ter o aplicativo do SUS no celular. Segundo o Ministério da Saúde, a ferramenta já está disponível para cerca de 10 milhões de dispositivos móveis que baixaram o aplicativo Coronavírus-SUS.
A plataforma depende da colaboração dos usuários: para a identificação dos casos, os próprias pessoas com diagnóstico de Covid-19 devem registrar o resultado do teste no aplicativo, a partir de um código numérico.
Privacidade
Ferramentas desse tipo abrem discussões sobre vigilância e privacidade. Segundo o Ministério da Saúde, o aplicativo conserva a privacidade tanto do paciente infectado como da pessoa que recebe a notificação da possível exposição com alguém infectado. A notificação avisa apenas que usuário teve contato com uma pessoa contaminada, mas sem informar quando, nem onde.
Ainda segundo o órgão, o app não rastreia os movimentos da pessoa testada positiva e não acessa a identidade dos usuários – o Ministério também esclarece não ter acesso a nenhuma informação pessoal, como CPF, nome ou número de telefone, e que nenhum dado de geolocalização, incluindo dados de GPS, é coletado.
